Inflação acumulada é a menor desde 1999 - Blog do Estudante de Atuariais

quinta-feira, 15 de março de 2018

Inflação acumulada é a menor desde 1999

Flavia Kurotori
Especial para o Diário do Grande ABC
10/03/2018 | 07:24
Fonte: www.dgabc.com.br

O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), indicador oficial da inflação do País, registrou a menor marca para os 12 meses encerrados em fevereiro desde 1999, quando o índice havia sido de 2,24%, ante 2,84% neste ano. Os dados foram divulgados ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Na avaliação de George Sales, professor de Finanças da Fipecafi (Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras), o resultado foi impactado pela fraca atividade econômica do País. “Para se ter ideia, o PIB (Produto Interno Bruto) foi de apenas 1% em 2017, que aponta para uma economia parada.”

“Estamos na chamada ‘inércia inflacionária’, ou seja, com os resultados abaixo da meta no ano passado, os preços estão mais comportados, pois as empresas preferem reajustar menos do que perder mercado”, explica Wellington Ramos, economista da agência classificadora de risco Austin Rating.

No mês, o indicador acelerou frente a janeiro, quando a variação do IPCA foi de 0,29%, e ficou em 0,32% – menor marca para fevereiro desde 2000, quando alcançou 0,13% –, impulsionado pela alta de 3,89% nos custos de Educação, que reflete os reajustes nas mensalidades escolares. “É um efeito sazonal já esperado, porém, nos anos anteriores, a elevação chegou a 6%. Hoje, é difícil praticar este aumento, dado que o valor é baseado na inflação do ano anterior”, pondera Ramos.

Embora em janeiro os alimentos tenham encarecido, no mês passado voltaram a ser os ‘mocinhos’ do bolso do consumidor, com deflação de 0,33%. “Em 2017, as safras foram satisfatórias. Neste ano, a tendência é que os preços sejam mantidos, como reflexo da demanda reprimida e também porque o regime de chuvas que estamos vivendo favorece a produção”, afirma Sales.

PROJEÇÃO - Ainda que os dois primeiros meses de 2018 tenham obtido resultados abaixo do esperado, os especialistas acreditam que a inflação irá encerrar o ano dentro da meta do BC (Banco Central), que é de 4,5%, podendo variar 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. “Não há risco de fecharmos o ano abaixo da meta (como no ano passado), pois o IPCA está controlado”, observa Ramos. Ainda segundo o economista, a Austin Rating baixou a projeção da inflação para este ano, que passou de 4,2% para 3,8% após a divulgação das informações referentes a fevereiro.

Sales alerta que a política protecionista norte-americana pode prejudicar o País, a exemplo do aumento na taxa de importação de derivados de aço e alumínio anunciado nesta semana pelo presidente Donald Trump. “O Brasil é o segundo maior exportador de aço para os Estados Unidos, cerca de um terço do que produzimos é destinado a eles. Se esta exportação for bloqueada, o dólar irá subir. Assim, os empresários daqui, como os produtores de alimentos, terão mais vantagem no mercado externo. Com a falta de alimentos interna, a inflação subirá”, explica.

Nenhum comentário:

Postar um comentário