1. Aspectos introdutórios
Este trabalho tem como
objetivo apresentar um estudo sobre o mercado de peixes em nível nacional e
especificamente, em nível local, abordando a cidade de Porto Alegre e região
metropolitana. Dentre os aspectos
estudados encontram-se: uma visão global do mercado de peixes, alguns aspectos
sobre a piscicultura, os locais de negociação de peixes, os fatores que
influenciam a compra do produto, a estrutura de mercado, previsões para o
futuro, o consumo de peixes da cidade de Porto Alegre e a sua comercialização
no período da semana santa na região da grande Porto Alegre.
Outro aspecto importante no
qual trabalhamos foi à relação entre o mercado de peixes e os fatores que
determinam sua demanda, sua oferta e os fatores que determinam sua elasticidade
preço e elasticidade renda da demanda. A metodologia utilizada para a análise
desse mercado foi a coleta de informações disponíveis nos endereços eletrônicos
da Emater, SEBRAE e Embrapa. Além disso, foram realizadas leituras de artigos
científicos e entrevista realizada em dois estabelecimentos comerciais no
mercado público da cidade de Porto Alegre –RS.
2. Mercado de Peixes: uma visão geral
Atualmente
o Brasil captura 1 milhão de toneladas de peixes, mas pode chegar a até 20
milhões, por causa da extensão de sua costa e de ter em seu território a maior
reserva de água doce do planeta. A nova lei da pesca e a participação da
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) nos trabalhos do
ministério, no desenvolvimento e na fiscalização da atividade pesqueira são
questões que tendem a fazer com que o consumo de peixe fique cada vez maior no
Brasil. Hoje,
o Brasil já disputa a pesca no Atlântico Sul com a Espanha e o Japão e isso é
uma marca importante e inédita do setor.
O consumo de peixes é mais saudável que a carne vermelha. Hoje, a média no
Brasil é de 7 quilos ao ano por habitante, enquanto a média mundial é de 17
quilos por pessoa e o mínimo recomendado pela Organização Mundial da Saúde é de
12 quilos.
Um dos planos do governo é
priorizar o cultivo de peixes na Amazônia, em detrimento da criação de gado,
pois o custo do pescado é menor e envolve a própria vocação geográfica da
região.
3. A Piscicultura
Os principais tipos de
aqüicultura possuem um retorno relativamente rápido comparado com os outros
investimentos. A demanda nesse mercado está diretamente ligada às questões de
renda, porém muitas vezes esse fator não é levado em conta e em muitos projetos
públicos não se tem nenhuma preocupação com o público alvo.
O Brasil é um dos maiores
consumidores de carne bovina, nesse contexto o consumo de pescados não é muito
elevado o que chama atenção devido a grande extensão costeira e as bacias
hidrográficas existentes no território nacional. Estudos indicam que em uma
visão geral o consumo de pescados no Brasil é aproximadamente 7kg./habitantes/
ano. Uma média baixa comparada à carne bovina.
Essa grande diferença se deve a
alguns fatores:
-Dificuldade do consumidor em saber o quanto o peixe esta
fresco;
-O preço alto comparado a outras carnes;
-A possibilidade de se engasgar com espinhos;
Entretanto esse quadro é passível
de mudança, uma vez que, os valores nutricionais do peixe e seus benefícios são
comprovados dia-a–dia. O marketing institucional é de grande importância para o
aumento do consumo.
4. Locais de negociação de peixes
Com uma extensão continental, o
Brasil possui 8 bacias hidrográficas, 13% da água doce mundial, além de uma
imensa costa que percorre 17 estados brasileiros. Com este potencial aqüífero,
o país produziu, em 2010, 1 milhão de toneladas de peixes, o que significa
0,03% dos 93 bilhões de dólares comercializados no mundo.
Para
elencarmos os principais locais de encontro para negociação e trocas e saber
quem são os compradores e vendedores neste negócio em franca expansão, faremos,
a seguir, uma síntese do panorama nacional.
Os parques
aquícolas estão se constituindo em grandes produtores de peixes e, desta forma,
começa ali, a negociação em muitos estados brasileiros.
Os
microprodutores repassam sua produção para a população e também para consumo
próprio, se existem muitos destes microprodutores em uma determinada região,
pode-se observar a concorrência perfeita. No caso do mercado de peixes, em
geral, existe a concorrência-pura perfeita, isto é, grande número de pequenos
produtores fazendo com que o preço pelo não seja determinado apenas algumas
empresas de grande porte. A produção e o consumo, neste caso, não tem uma
delimitação geográfica, pois, pode-se perceber, inclusive a troca entre os
produtores, a Amazônia é um bom exemplo.
No norte do
país, por carecer de atividades econômicas sustentáveis e depender de pesca
artesanal, que é sazonal e está cada vez mais decadente. Está se investindo na
produção de peixe em cativeiro, que pode ser feita em tanques ou diretamente
nos cercamentos de áreas nos rios. Transportados aos grandes centros para
comercialização in natura nos mercados públicos.
Representando
os estados do nordeste, citamos o Sergipe e o Piauí. Este último realiza o
Festival do Caranguejo. Um bom exemplo, pois neste festival é transformado e
comercializado em pratos típicos. São criados e vendidos aos hotéis e restaurantes
por cooperativas de catadores.
Em Vitória,
ES, na região sudeste, os pescadores receberam treinamento e estão se
transformando em piscicultores. Desta forma, eles se juntam e compõem
associações com o objetivo de comercializar em restaurantes das próprias
associações. Quando o peixe é colocado no prato, preparado de qualquer forma
que seja, agrega-se valor ao produto, resultando em maiores lucros.
Estado
famoso por abrigar uma grande quantidade de rios, lagos e lagoas o Mato Grosso
do Sul é referência em comercialização de pescado. Deste estado podemos
destacar a produção na forma de pesque-pague, a maior parte dela segue para os
estados da região sul mais os estados de São Paulo e Minas Gerais.
Além destas
culturas supracitadas, observamos diversos meios de negociação: como os
mercados públicos nas capitais dos estados, as feiras que alavancam as vendas
na época da semana santa, os supermercados que comercializam das mais variadas
formas: inteiro, em posta, filé e congelado. Nas regiões portuárias existem
feiras e mercados. Os pescadores de fim-de-semana, que pescam para o próprio
consumo. Ou os mais recentes, como as temakerias, que trazem os pratos da
culinária japonesa para o ocidente.
Isto posto,
pode-se concluir que existem diversos tipos de peixes, produzidos de formas
variadas em todas as regiões do Brasil, mesmo assim, a oferta de peixe para o
brasileiro é insuficiente, pelos mais diversos motivos. De qualquer forma, a
demanda é grande e o investimento é retorno garantido, apesar da desconfiança
na higiene e da falta de cultura na hora escolher a carne para a compra.
5. Fatores que são levados em questão no momento da compra
5.1 Peixe fresco
- Aparência: ausência de manchas, furos ou cortes na superfície.
- Escamas: bem firmes e resistentes. Devem estar translúcidas (parcialmente transparentes) e brilhantes.
- Pele: úmida, tensa e bem aderida.
- Olhos: devem ocupar toda a cavidade, ser brilhantes e salientes, sem a presença de pontos brancos ao centro do olho.
- Membrana que reveste a guelra (opérculo): rígida, deve oferecer resistência à sua abertura. A face interna deve estar brilhante e os vasos sanguíneos, cheios e fixos.
- Brânquias: de cor rosa ao vermelho intenso, úmidas e brilhantes, ausência ou discreta presença de muco (líquido pastoso).
- Abdômen: aderidos aos ossos fortemente e de elasticidade marcante.
- Odor, sabor e cor: característicos da espécie que se trata.
- Conservação: deve ser mantido sob refrigeração ou sobre uma espessa camada de gelo.
5.2 Peixe congelado:
- Conservação: verifique se o produto está armazenado na temperatura de conservação informada pelo fabricante na embalagem. Os produtos não podem estar amolecidos ou com acúmulo de líquidos, sinal de que passaram por um processo de descongelamento. A presença de gelo ou muita água indica que o balcão foi desligado ou teve sua temperatura diminuída temporariamente.
5.3 Bacalhau ou peixe salgado seco
No Brasil é reconhecido como
bacalhau todo o peixe salgado e seco. Existem no mercado nacional cinco
espécies de peixe diferentes: Gadus morhua (Cod) e Gadus macrocephalus, que são
reconhecidas como bacalhau legítimo, e Saithe, Ling e Zarbo. As seguintes
características são observadas na hora da compra:
- O produto deve ser armazenado em local limpo, protegido de poeira e insetos.
- Verifique se não há a presença de mofo, ovos u larvas de moscas, manchas escuras ou avermelhadas, limosidade superficial, amolecimento e odor desagradável, que indicam que o produto não está bom para consumo.
- Quando vendido embalado, deve apresentar no rótulo a denominação de venda, data de validade, país de origem, prazo de validade, selo de inspeção federal e outras informações obrigatórias.
5.4 Frutos do mar, crustáceos e moluscos
Devem ter aspecto geral brilhante,
úmido; corpo em curvatura natural, rígida, patas firmes e resistentes; pernas
inteiras e firmes; carapaça bem aderente ao corpo; coloração própria à espécie,
sem qualquer pigmentação estranha; não apresentar coloração alaranjada ou negra
na carapaça e apresentar olhos vivos, destacados, cheiro próprio e suave.
Caranguejos e siris devem estar
vivos e vigorosos; possuir cheiro próprio e suave; aspecto geral brilhante,
úmido; corpo em curvatura natural, rígida, patas firmes e resistentes; pernas
inteiras e firmes; carapaça bem aderente ao corpo; coloração própria à espécie,
sem qualquer pigmentação estranha e devem apresentar olhos vivos, destacados.
Mariscos: devem ser expostos à venda
vivos, com valvas fechadas e com retenção de água incolor e límpida nas
conchas; apresentar cheiro agradável e pronunciado; ter a carne úmida, bem
aderente à concha, de aspecto esponjoso, de cor acinzentada-claro nas ostras e
amarelada nos mexilhões.
Polvos, lula: devem ter a pele lisa
e úmida; olhos vivos e salientes; carne consistente e elástica; cheiro próprio
(levemente adocicado); e ausência de qualquer pigmentação estranha à espécie.
6. Estruturas de Mercado
6.1 Pesque-pague
O pesque-pague é uma atividade
de lazer, cujo principal atrativo é a pesca esportiva. A expansão dos
pesque-pague ocorreu principalmente ao redor de centros urbanos mais populosos.
Essa atividade criou uma grande demanda por peixes cultivados, na medida em que
os peixes precisam chegar vivos aos pesque-pagues. Em 1988, os pesque-pague
sozinhos consumiam cerca de 17.000 toneladas anuais de peixe. Isso equivalia à
cerca de 20% da produção da piscicultura nacional.
Nesse mercado, existe maior
valorização das espécies que são consideradas mais esportivas e pelos chamados
“peixes troféu”. Essas espécies são chamadas assim por causa da fama entre os
pescadores, por seu tamanho, ou por ambas as qualidades. São exemplos de
“peixes troféu”: pacus e tambaquis de grande porte, dourado, pintado, matrinxã,
etc. Estes peixes são adquiridos pelos pesqueiros por preços muito altos, em
função de sua elevada demanda e a sua oferta limitada, causada pelas
dificuldades na produção em cativeiro.
O mercado de pesque-pague é
sazonal. O período do ano favorável para a comercialização de peixes, é de
outubro a março. Nesta época, ele possui maior demanda de clientes por ser um período
quente, favorável à pesca, e agradável para as atividades ao ar-livre.
A partir do final da década de 90, a
demanda dos pesque-pague por peixes cultivados começou a dar sinais de
estabilização. Mesmo assim, o número de produtores que se dedicavam à
piscicultura continuou crescendo. Logo, começou a ser necessária a busca por
novos mercados. Com isso, começaram a surgir as condições mínimas para o
surgimento de indústrias de processamento de peixes cultivados.
6.2 Indústrias de Processamento
O setor industriário, que está
dando seus primeiros passos, esta apresentando inúmeras as dificuldades para
viabilização das indústrias de processamento, com destaque para a falta de
escala de produção e os problemas disto decorrentes. Sem escala, tudo fica mais
difícil: a matéria- prima custa caro, pois o produtor não tem seus custos
diluídos; o custo fixo da indústria fica alto, pois ela não processa o mínimo
necessário para bancá-lo; os custos com fretes não se justificam, pois não
utiliza a capacidade total do frete em questão; e, o investimento em novas
tecnologias para criar subprodutos e aproveitar os resíduos fica inviável, pois
o volume é pequeno.
Em 2004 o Brasil exportou 323
toneladas de filés frescos, somando um valor de US$ 1,49 milhões, ou cerca de
2% do valor total deste produto importado pelos EUA. Já em 2005, somente nos
quatro primeiros meses, as exportações brasileiras haviam chegado a 319
toneladas de filés frescos, totalizando uma receita total de US$ 1,61 milhões,
ou cerca de 4% do valor total importado pelos EUA nesse produto. E o potencial
de exportação do Brasil tem muito a crescer ainda pelo que dizem os
especialistas do setor.
Porém, para que as
processadoras possam ser viabilizadas economicamente, é preciso antes que os
produtores consigam atingir um nível de produção em escala industrial e a
preços competitivos. Esse é o grande desafio da piscicultura brasileira nesse
seu esforço para se consolidar.
6.3 Mercado Atacadista de Pescados na CEAGESP
Um mercado extremamente
interessante é o mercado atacadista.O principal centro atacadista do país é a
Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (CEAGESP). E neste que
se concentra o maior mercado de entreposto da América Latina e que além de
servir à capital, serve a outros estados e também para fora do país.
A CEAGESP funciona com três
pátios o primeiro comercializa peixe fresco, o segundo comercializa produtos
congelados e o terceiro comercializa apenas dois tipos de peixes: a sardinha e
cavalinha.
Independente de a participação
ter caído no mercado, a CEAGESP ainda movimenta
grande parte do pescado produzido no Brasil.
No final de 2007 a CEAGESP,
modernizou todo o seu setor de pescado, com inspeção primária, fábrica de gelo,
central de filtragem e câmara de coleta de resíduos. Essa modernização aumentou
a qualidade e durabilidade do pescado, adequando-o às normas
higiênico-sanitárias.
7. Perspectivas para o futuro
Analisando o cenário atual do mercado
de peixes brasileiro e as perspectivas para os próximos anos, com base no
consumo doméstico, na rede de distribuição e no potencial hídrico brasileiro se
aponta uma expansão da aquicultura no Brasil, principalmente na área de peixes de água doce, devido ao enorme
potencial do país e ao histórico da produção. A produção de pescado do Brasil
hoje é de 1 milhão de toneladas por ano. Mas pode saltar para 1,7 milhão em
quatro anos, de acordo com o Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA).
Pesquisas mostram que, o peixe
daria um lucro de 20 a 300 vezes maior para o mercado brasileiro do que o gado
na Amazônia, o qual gera receita de R$ 400 por hectare ao ano. É com essa nova
realidade que o Brasil precisa trabalhar. Até porque o consumo de peixe per
capita brasileiro é de 6kg ano (dado coletado no ano de 2003), segundo recomendações da Organização das
Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) e Organização Mundial de
Saúde (OMS), cada habitante deveria consumir pelo menos 13 kg por ano, sendo a
média nacional de 16kg.
Para aumentar a quantidade
ofertada de peixe no mercado brasileiro, e aumentar o incentivo de hábitos
saudáveis, neste caso o consumo de uma maior quantidade de peixes, as
organizações já estão realizando projetos para que esta perspectiva se torne
realidade. O Sebrae, em 2010, está apoiando 56 projetos deste setor em 21
estados, com público-alvo de 2,3 mil pessoas e 1,3 mil empreendimentos formais,
quer ter acesso ao conhecimento a ser produzido pela Embrapa e oferecer novas
ferramentas de gestão.
Também assinou um acordo de
cooperação com o Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA) para estimular
atividades aquícolas no país, com enfoque nas pequenas e microempresas. O MPA e
a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) inauguraram a pedra
fundamental da sede do Centro Nacional de Pesquisa em Pesca, Aquicultura e
Sistemas Agrícolas. Pois o melhor método de melhoria no mercado é o
investimento na área de tecnologia e de
pesquisa científica.
Outro ponto que irá ajudar o
Brasil a avançar nesse processo são as conquistas políticas no período de 2009.
Entre elas, a lei que fora sancionada, a qual, transformou a Secretaria
Especial de Aquicultura e Pesca em ministério, que gerou um aumento
considerável no apoio financeiro ao setor; a criação da Embrapa Aquicultura e
Pesca e a sansão da Lei da Pesca e Aquicultura. Essas mudanças permitirão que o
setor da piscicultura tenha mais autonomia jurídica, administrativa, financeira
e mais competência na questão do quadro de profissionais especializados.
Com todas essas mudanças e
processos para a melhoria no mercado da piscicultura no Brasil já estamos vendo
algumas melhorias como, por exemplo, em 2003 média de consumo de peixe por
habitante ao ano era de 6kg, já citado anteriormente, atualmente dados
confirmam que no ano de 2009, essa média aumentou para 9kg per capita.
Mostrando uma ascensão notável e importante para esse setor, já que com isso
gerou 500 mil novos empregos.
O efeito renda é percebido em que se a renda dos
consumidores entrevistados aumentasse em 1%, a demanda de peixe por esses
entrevistados tenderia a aumentar em 0,02%, ceteris paribus. Como a
elasticidade-renda foi positiva afirma-se que o peixe pode ser avaliado como um
bem normal.
A elasticidade da oferta foi classificada como inelástica
assim o coeficiente associado ao preço do peixe, é igual a 0,34 Kg, o que
indica a magnitude de alteração na quantidade ofertada da carne de peixe quando
o preço aumenta de R$ 1,00/Kg.
O peixe é um produto normal e tem demanda inelástica
ao preço, a carne bovina se confirmou como um produto substituto do peixe para
os consumidores entrevistados.
8. O consumo de pescado na cidade de Porto Alegre
Neste
subcapítulo, apresentamos resultados de uma pesquisa, Gonçalves, Passos e
Biedrzycki (2008), que buscou investigar como se dá o consumo de pescado na
cidade de Porto Alegre –RS. Nesse sentido, através da técnica de questionário
fechado, fez-se um estudo para determinar as preferências dos consumidores de
Porto Alegre com relação ao consumo de pescado. O objetivo do estudo está
voltado diretamente para investidores da produção e comercialização de pescado,
atentando-os para quais produtos a população está mais interessada e adquire
com maior freqüência.
A metodologia de análise dos dados
foi: tabulação dos dados no SPSS e a análise de correspondência que consiste em
[...] uma técnica multivariada para se examinar
relações geométricas do cruzamento, ou contingenciamento, de variáveis
categóricas. Ela analisa a distribuição de massa de um conjunto de observações,
ou seja, analisa proximidade geométrica em medidas de distâncias. É uma técnica
que auxilia e expande as oportunidades de análise de uma tabela de
contingência. A análise de correspondência representa linhas e colunas de uma
tabela de contingência, num espaço conjunto e a proximidade indica o nível de
associação entre as categorias (linha e coluna), ou seja, categorias
posicionadas próximas uma das outras indicam alta associação (Jobson, 1992).
Essa associação pode ser verificada através do teste do Qui-Quadrado aplicado
aos dados da tabela de contingência. Outra alternativa de mostrar a dependência
entre linhas e colunas da tabela de contingência é a representação gráfica do
perfil das linhas ou colunas (Bendixen, 1996). Com base nas respostas dos
questionários procurou-se através da análise de correspondência, verificar o
nível de associação entre a faixa etária da população e as zonas onde residem,
em função do consumo de pescado, o produto consumido por zona e faixa etária, e
produto considerado inovador por zona e faixa etária. (Gonçalves, Passos, Biedrzycki , 2008, p.25-26).
Os primeiros resultados encontrados
estabelecem a relação faixa etária e zonas de Porto Alegre “Dos 512
entrevistados, observou-se que 98,2% consomem pescado em sua alimentação. A
partir desses dados, considerou-se para as análises apenas os consumidores que
efetivamente consome pescado (n = 503).” (Gonçalves,
Passos, Biedrzycki , 2008, p.26). A tabela abaixo demonstra a relação
entre consumo de pescado e região da cidade de Porto Alegre.
Tabela
1: Idade X Região
Através
dos dados apresentados pode-se constatar, por exemplo, que 22 pessoas com idade
até 20 anos que residem na região central da cidade consomem algum tipo de
pescado, ou que o consumo de pescado em maior número se dá entre pessoas de 21
a 30 anos de idade. A segunda unidade de análise consta no produto consumido em
relação à zona da cidade, ou seja, qual o tipo de pescado que a população
consome em determinada região de Porto Alegre.
Tabela 2: Produto X Zona
Nesta
etapa, podemos perceber que o filé fresco e mais consumido pela população que
vive na zona norte da cidade e que o inteiro congelado é pouco procurado na
zona central da capital. A terceira unidade de análise demonstra a relação
produto inovador X zona da cidade. O estudo pode ser pensado da seguinte forma:
na zona central, 28 pessoas respondem que o peixe inteiro temperado é uma
inovação, já, para o mesmo item, na zona sul, 46 pessoas respondem que este
tipo de peixe é uma inovação no mercado.
Tabela 3: Produto inovador X Zona
Percebemos que o peixe inteiro
temperado é considerado inovador por 71 dos entrevistados e que 39 pessoas da
zona norte entendem o “fishburguer” como produto inovador. A quarta unidade de
análise se deu sob a relação entre produtos consumidos dependendo da faixa
etária dos indivíduos investigados.
Tabela 4: Preferência X Faixa etária
Através da tabela 4 podemos
perceber, por exemplo, que 75 pessoas entre 21 a 30 anos tem preferência por
filé fresco e que apenas duas pessoas com idade superior a 60 anos consomem
peixe inteiro congelado.
A partir da observação dos dados
apresentados nas tabelas sobre o consumo de pescado na cidade de Porto Alegre,
este estudo permitiu estabelecermos um quadro, no qual apresentamos os fatores
que tendem à alteração da curva da demanda para a direita.
Fatores que
alteram a demanda por pescado em Porto Alegre
|
- Procura por alimentos protéicos
|
-
Hábitos alimentares saudáveis
|
-
Produtos de conveniência - (fácil
preparo)
|
A elasticidade, nesse caso estudado,
tende a aumentar, pois o mercado de pescado é bastante específico e existem
vários substitutos entre eles. Ex: peixe fresco, “nuggets”, filé fresco, filé
congelado, etc. Para tornar os produtos menos elásticos, devem ser atribuídos a
eles agregados de valor, como,
por exemplo, selos de qualidade, etc.
Compreendemos que esse tipo de
estudo é de extrema importância para o mercado de pescado, pois sabendo a
preferência pelo consumo de determinado pescado em determinada região da
cidade, tanto comerciantes, como produtores, têm novas possibilidades de
introduzir um mercado inovador em relação a tipos de pescado, melhorando, dessa
forma, a oferta de tais produtos de modo
atender a demanda da população.
A seguir, apresentamos algumas
informações sobre o consumo de peixe fresco durante a semana santa no ano de
2011 na região da grande Porto Alegre.
9. O mercado de peixe fresco no período da semana santa na grande Porto Alegre no ano de 2011
A procura por peixes nas datas
em que são comemorados dias santos aumenta significativamente em relação às
outras épocas do ano. No período da quaresma, por exemplo, a igreja católica
instrui os seus fiéis para que não comam carne vermelha e é nesse sentido que a
população tem buscado o consumo de peixes. Informações do jornal meio norte
(2010), o consumo de peixes tende a aumentar em 30% nessa época do ano
intensificando o movimento das vendas e consequentemente o seu crescimento.
Nesse sentido, houve um interesse de
nossa parte em pesquisar como anda o mercado de peixes, em especial, na semana
santa, quando as pessoas tendem a procurar pelo consumo de peixes. Para
realização desta etapa do trabalho, buscamos informações em jornais e revistas
online e realizamos uma entrevista com comerciantes que atuam em duas lojas do
comércio de peixes no Mercado Público de Porto Alegre. A entrevista compunha um
questionário com quatro perguntas que indicam o tipo de peixe mais vendido, a
movimentação do mercado na semana santa e a relação das vendas de peixe fresco
neste ano de 2011 em comparação com ano anterior
Segundo a Rádio Gaúcha (2011), o
volume de pescado ofertado na semana santa para a população da grande Porto
Alegre foi de aproximadamente 670 toneladas. Para os estudiosos nessa área, é
um aumento de 10% em relação ao ano de 2010. Para Décio Cotrin, agrônomo da
Emater, o valor estimado foi de R$ 4,5 milhões. “Esses
R$ 4,5 milhões circularam nas mãos dos agricultores e pescadores da região. No
ponto de vista para estas famílias de agricultores e pescadores é um fator
muito importante. É um momento muito importante no ano de produção” (Décio
Cotrin, 2011).
Esse tipo de negociação beneficia diretamente os
produtores de peixes, visto que pelo menos 500 pontos devem realizar a
comercialização de peixe pelos municípios da Região Metropolitana.
A
multiplicação dos pontos de venda de peixe fresco na semana santa tem, segundo
comerciante da Feira do Peixe do mercado público de Porto Alegre, diminuído a
venda de peixes na semana santa em relação ao ano passado. Para esse
comerciante, 90% do peixe fresco vendido é de água salgada e durante a semana
santa há um movimento 10 vezes maior na venda de peixes do que em outras épocas do ano. Entretanto,
com o incentivo de vendas de peixe fresco em outros pontos da região, cuja
troca se dá direto com o produtor, têm diminuído a venda de peixe neste ano em
relação ao ano passado.
Outro
comerciante entrevistado, funcionário do Japesca, nos informou que na semana
santa o aumento na venda tanto de peixe fresco como de peixe congelado é muito
grande. Segundo esse mesmo comerciante “[...] na semana santa sai tudo, pois o
pessoal quer peixe” (Comerciante do Japesca, 2011).
Neste caso, um determinante para
explicar a baixa elasticidade do consumo de peixe fresco na semana santa é o
fator tempo (curto prazo) e a questão religiosa/cultural (não comer carne na
semana santa). Através das informações que nos foram dadas, constatamos que o
aumento do consumo de peixe fresco foi maior neste ano em relação ao ano
passado, entretanto, para os comerciantes do mercado público de Porto Alegre, o
movimento foi menor, pois houve um incentivo aos produtores e pescadores
venderem o pescado diretamente à população.
10. Considerações finais
Ao iniciar
a pesquisa nos deparamos com a dificuldade de encontrar material a respeito do
mercado consumidor em comparação à quantidade de dados encontrados sobre o
mercado produtor.
Faltam
estudos acerca do modo como se consome e suas quantidades, talvez por falta de
investimento das indústrias de pescado ou porque o produto está à margem para a
maior parte dos consumidores.
Constatamos que as iniciativas
para mudar o perfil do produtor são inúmeras devido à grande capacidade
produtiva do país. Iniciativas estas que vão desde a mudança da Secretaria da
Pesca em Ministério da Pesca e Aquicultura até o treinamento de pescadores para
que se transformem em aquicultores ou formem cooperativas de produção, muito
por iniciativa mais governamental do que privada.
Instituições como Sebrae e
Embrapa são partes integrantes deste quebra-cabeça para o entendimento de como
o Brasil deve aproveitar melhor este mercado.
Concluímos,
portanto, que somadas as potencialidades hídricas do Brasil com as iniciativas
mencionadas, o país pode, facilmente, alcançar os grandes produtores mundiais
de pescado desde que se continue trabalhando sério para tal.
GONÇALVES, A. A.; PASSOS,
M. G.; BIEDRZYCKI, A. Tendência do consumo de pescado na cidade de Porto
Alegre: Um estudo através de Análise de Correspondência. Estudos Tecnológicos (Online), v. 4, p. 21-36, 2008.
http://www.clicrbs.com.br/especial/rs/zhdinheiro/19,0,3274656,Venda-de-peixe-na-Semana-Santa-rendera-mais-de-R-4-milhoes-aos-pescadores-gauchos.html>
acesso em: 13 jun 2011.
http://www.meionorte.com/noticias/economia/periodo-da-quaresma-aquece-venda-de-peixes-92674.html>
acesso em: 13 de jun 2011.
OSTRENSKY, A.; BORGHETTI, J. R.; SOTO, D. Aquicultura no
Brasil: O desafio é Crescer. 2008.
Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis: Estatística da pesca 2006 Brasil:
grandes regiões e unidades da federação / Brasília: Ibama, 2008. 174 p. 29 cm.
Revista Conhecer SEBRAE, nº 11 / março 2010 em www.sebrae.com.br
CARDOSO, E. S.; ROCHA, H. M. O.; FURLAN, M. C. A
piscicultura no município de Santa Maria, RS, submetido em 13/10/2008, aceito
em 28/04/2009.
Relatório de pesquisa sobre o mercado de
peixe e perfil do consumidor na região macronorte do Estado do Rio Grande do Sul. Ijuí (RS),
agosto de 2007.
http://www.emater.tche.br/site/
Questionário realizado em
dois estabelecimentos de comércio de peixes no Mercado Público de Porto Alegre
1. Que tipo de peixe costuma vender? ( ) água doce ( )
marinho
2. Que tipo de peixe é mais vendido na semana santa ?
( ) Inteiro Fresco ( ) Inteiro Congelado ( ) Filés (fresco) ( ) Filés
(congelado) Outros: ..........
3. A venda de peixe fresco na semana santa teve maior
movimento em:
2010 ( ) ou 2011 ( )?
4. Há muita diferença na procura de peixe fresco na
semana santa em relação a outras épocas do ano? Sim ( ) Não ( )
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