Peter L. Bernstein (1919-2009) foi um economista graduado pela Faculdade de Harvard, presidiu a Peter L. Bernstein, Inc., uma firma de consultoria econômica para empresas investidoras, fundada por ele em 1973 depois de muitos anos administrando bilhões de dólares em portfólios de pessoas físicas e empresas. Bernstein foi o autor de dez livros de economia e finanças e de artigos incontáveis em jornais profissionais e na imprensa popular, incluindo The New York Times e The Wall Street Journal. Em suas obras, Bernstein destacou-se por combinar o entusiasmo de um historiador com a enorme capacidade analítica do economista.
O livro Desafio aos Deuses foi lançado em
setembro de 1996 e no mesmo ano foi premiado como o livro de finanças mais
perspicaz e inovador. E em 1998 foi premiado pela Associação Americana de
Seguros, pela excelente contribuição para a literatura de riscos e seguros. O
livro vendeu mais de 500.000 cópias em todo o mundo.
O livro relata a história do pensamento
estatístico e como surgiram os primeiros estudos referentes às probabilidades.
Na primeira parte narra o período dos primórdios até 1200, quando se explora a
incerteza de acordo com graus de crença, os Deuses e o vento. Expõe os
primeiros momentos onde surgem noções de risco e probabilidades, através dos
jogos de azar e traça um histórico da evolução dos números, desde o momento
onde foram substituídos pelas letras, para facilitar os cálculos, passando pela
introdução do zero e pelo início das equações algébricas.
O período compreendido pelos anos de 1200 a
1900 correspondem a um momento em que nasceram as teorias básicas necessárias
para a tomada de decisões em condições de incerteza.
Primeiramente surge a Teoria da Tomada de
Decisões, que é a que está preocupada com a identificação da melhor decisão a
tomar, pressupondo um tomador de decisão ideal, que é bem informada, capaz de
calcular com precisão perfeita e totalmente racional.
A partir do século 17 que nasceu a tomada de
decisão nas condições de incertezas, vindas dos trabalhos de Pascal e
Bernoulii.
Com isso nasce a teoria das probabilidades e
a teoria da utilidade, em que se utilizam de um processo subjetivo para a
escolha das opções, iniciando na teoria da utilidade o tentativa de medir a
incerteza.
A partir de 1700 surge a “arte da
conjectura”, que inicia o debate da gestão do risco, que convergiu para as
aplicações de três pressupostos obrigatórios: plena informação, tentativas
independentes e a relevância da avaliação quantitativa. A relevância destes
pressupostos é crucial na determinação do grau de sucesso com que podemos
aplicar a medição e a informação para prever o futuro. Com isso aparece a
teoria das Médias, que se tornaram elementos essenciais das técnicas modernas
de quantificação de risco.
A partir do questionamento se as médias são
realmente eficientes foi criada a análise de regressão, para tornar eficiente a
utilização das médias.
Ao analisar a evolução do risco no século XX,
o livro torna-se ainda mais interessante, pois o autor analisa teorias mais
recentes, como as idéias de não-correlação perfeita entre dados passados e
acontecimentos futuros de Knight e Keynes, o surgimento da teoria dos Jogos de
Von Neumann e da teoria de seleção de Portfólio de Markowitz, e a relação
existente entre as duas.
Além disso, Bernstein explora a racionalidade
dos indivíduos, evidenciando que não são os mesmos que são irracionais, mas sim
que o modelo de racionalidade não é capaz de captar todas as variáveis de
decisão. O comportamento verificado empiricamente é irracional pelo fato dos
agentes considerarem o agregado como a soma das partes, não dando a devida
atenção às suas interações.
O penúltimo capítulo da obra trata do
surgimento de derivativos como uma necessidade de redução da incerteza,
comparando-os há uma espécie de seguradora do mercado financeiro, mas atentando
para o fato do mesmo comportar-se como uma lâmina, cujo agente pode ou
barbear-se ou suicidar-se
O autor conclui, no último capítulo, dizendo
que a chave da história do risco é o fato dos dados passados nem sempre se
repetirem no futuro, o que leva à incerteza e turbulências. Por isto, sempre
haverá no risco a dualidade análise de dados passados x crenças sobre um futuro
incerto, pois os economistas se deparam com algo além dos padrões naturais, as
decisões dos agentes econômicos, aconselhados por eles próprios.
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