No tocante as finanças públicas da União, analisaram-se séries de dados
nominais desta década, confrontados com PIB nominal. Quando necessário,
utilizou-se o deflator implícito do PIB como proxy da inflação. Não há sentido em analisar dados nominais, pois
representariam apenas números, é necessário analisá-los como parte do produto
interno bruto ou torna-los reais.
Esta análise é feita em três etapas: receitas, na qual o objetivo é
análise específica das receitas da União; despesas, cujo objetivo da etapa é
analisar apenas as despesas; enfim, resultado, etapa na qual são relacionadas
receitas e despesas, submetendo a análise esta relação. Para reduzir a
quantidade de informações a fim de melhorar a leitura deste trabalho, fontes e
observações a respeito das tabelas apresentadas encontra-se em arquivo digital
entregue em anexo.
Receitas:
Está claro na tabela acima, que representa a participação das receitas no
PIB, que a receita de capital apenas é representativa se consideradas as
operações de crédito da União. Exclui-se desta análise estas operações, as
receitas representativas são as receitas correntes. Contudo, fica exposto que
há parcela significativa de financiamento da União correspondente à dívida
pública e operações de crédito, não obstante a queda brusca ao longo da década.
As receitas correntes da União cresceram sua participação, sendo a
principal responsável a conta de receita de contribuições. Pode-se observar que
as contas representativas das receitas correntes são as tributárias e de
contribuições, portanto, analisa-se especificamente este grupo de receitas.
Na tabela acima, apesar do crescimento das receitas de contribuição como
parcela do PIB, as relações das receitas correntes como parcela da receita
corrente total se mantém no mesmo nível de 2000, apesar de flutuações
ocorridas. O que se pode destacar é leve
queda da participação da receita tributária e queda relativamente alta da
receita de serviços. Ainda, alta relativa da receita patrimonial. Contudo, a
tabela expõe ainda mais a concentração das receitas correntes, e, assim, das
receitas não oriundas de operação de crédito totais da União em receita
tributária e receita de contribuições.
O gráfico acima ilustra a alta e crescente participação do IR na receita
tributária da União, bem como a relevante e decrescente participação do IPI na
mesma.
Acima está representada a participação das principais contribuições no total de contribuições. Percebe-se que a principal contribuição é o COFINS, e destaca-se o crescimento do SIMPLES.
Uma parcela da receita de contribuições é destinada ao tesouro nacional,
outra para a previdência social. Observa-se, no gráfico acima, que a fatia das
contribuições destinadas ao tesouro nacional cresceu. No decorrer deste
trabalho se analisará as razões.
Deve-se considerar, porém, que muitas receitas não são
líquidas, isto é, são descontadas. Sendo assim, analisemos a evolução da
receita líquida em relação ao PIB. Analisemos também, a receita do tesouro
isoladamente, ou seja, excluindo a receita previdenciária e a receita do Banco
Central.A tabela acima descreve o comportamento da receita líquida e seus componentes como participação do PIB. Nota-se que a receita bruta e a receita líquida estão crescendo ao longo dos últimos anos, por conseqüência do crescimento das receitas do tesouro, principalmente. Contudo, mantém-se a relação entre receita líquida e receita bruta – tabela abaixo. Também está claro que o crescimento das contribuições do tesouro foi maior que a elevação das contribuições destinadas à previdência, sendo esta a razão para o crescimento da fatia do tesouro nas contribuições.
A tabela acima apresenta a receita líquida do tesouro nacional com
relação a receita líquida total. Se pode observar a manutenção da relação.
Despesas:
Apesar da redução no total de despesas em relação ao PIB, conforme se
pode analisar na tabela acima, que descreve as despesas como parcela do PIB, se
pode afirmar que a União elevou seus gastos, já que, excluída as operações com
a dívida pública, a despesa cresceu. O principal crescimento foi da conta de
juros e encargos da dívida, além dos benefícios previdenciários. A despesa com
pessoal caiu no período.
Para a análise das despesas por função de governo,
excluem-se os encargos especiais, que representam cerca de um terço destas.
Função
|
2000
|
2001
|
2002
|
2003
|
2004
|
2005
|
2006
|
2007
|
Previdência
e Assistência Social
|
53,82%
|
54,02%
|
54,05%
|
58,66%
|
58,71%
|
58,50%
|
59,08%
|
56,65%
|
Assim, ainda se observa que as despesas com previdência e assistência social representam sempre mais da metade das despesas excluídos os encargos especiais, conforme tabela acima. A participação já foi maior, e decresceu no último ano.
Função
|
2000
|
2001
|
2002
|
2003
|
2004
|
2005
|
2006
|
2007
|
Legislativa
|
2,09%
|
2,20%
|
2,24%
|
2,83%
|
2,80%
|
2,63%
|
2,59%
|
2,20%
|
Judiciária
e Justiça
|
8,53%
|
7,89%
|
8,37%
|
8,96%
|
10,03%
|
8,97%
|
9,53%
|
8,75%
|
Administração
|
7,85%
|
7,57%
|
7,46%
|
6,79%
|
7,09%
|
6,27%
|
6,19%
|
6,38%
|
Defesa
Nacional
|
12,67%
|
12,38%
|
11,44%
|
10,67%
|
10,76%
|
10,64%
|
10,26%
|
9,76%
|
Segurança
Pública
|
2,61%
|
2,71%
|
2,00%
|
2,22%
|
2,19%
|
2,08%
|
2,13%
|
2,40%
|
Saúde
|
24,15%
|
24,61%
|
23,07%
|
25,05%
|
26,14%
|
25,17%
|
24,51%
|
22,70%
|
Trabalho
|
7,44%
|
7,75%
|
7,69%
|
8,75%
|
8,49%
|
8,77%
|
10,13%
|
9,90%
|
Educação
|
12,65%
|
12,12%
|
11,99%
|
13,11%
|
11,52%
|
11,17%
|
10,69%
|
10,86%
|
Urbanismo
|
0,23%
|
0,51%
|
0,44%
|
0,32%
|
0,95%
|
1,46%
|
1,31%
|
2,22%
|
Ciência
e Tecnologia
|
1,48%
|
1,66%
|
1,37%
|
1,84%
|
2,07%
|
2,26%
|
2,28%
|
2,13%
|
Agricultura
|
6,05%
|
5,71%
|
4,99%
|
6,00%
|
6,05%
|
5,74%
|
6,13%
|
5,64%
|
Organização
Agrária
|
1,30%
|
1,38%
|
1,25%
|
1,32%
|
2,08%
|
2,47%
|
2,58%
|
2,42%
|
Indústria
|
0,38%
|
0,50%
|
0,38%
|
0,41%
|
1,23%
|
1,03%
|
1,25%
|
1,39%
|
Comércio
e Serviços
|
2,22%
|
2,90%
|
1,66%
|
1,91%
|
1,65%
|
1,96%
|
1,72%
|
1,45%
|
Transporte
|
3,92%
|
4,13%
|
4,66%
|
2,81%
|
2,90%
|
4,64%
|
4,26%
|
6,14%
|
Outros
|
6,43%
|
6,00%
|
10,99%
|
7,03%
|
4,05%
|
4,74%
|
4,44%
|
5,64%
|
TOTAL
|
100,00%
|
100,00%
|
100,00%
|
100,00%
|
100,00%
|
100,00%
|
100,00%
|
100,00%
|
A exceção, então, de previdência, assistência e encargos especiais, as
maiores despesas são saúde e educação, apesar do decréscimo de suas
participações. Ainda, os transportes chamam atenção pelo acréscimo em sua
participação.
Função
|
2000
|
2001
|
2002
|
2003
|
2004
|
2005
|
2006
|
2007
|
Previdência
e Assistência Social
|
8,30%
|
8,67%
|
8,78%
|
9,05%
|
9,24%
|
9,52%
|
10,03%
|
10,11%
|
Fonte: SIAFI
Em relação ao PIB, nota-se uma elevação nas despesas com previdência e
assistência social. As demais despesas também sofreram acréscimo em relação ao
PIB. Não houve variação significativa em relação ao PIB.
Nenhum comentário:
Postar um comentário