Este
é um trabalho no nível de graduação, quaisquer erros porventura encontrados
farão parte da aprendizagem do aluno.
A vida se move muito
rápido; se você não parar e olhar em volta de vez em quando, você pode
perdê-la! Ferris Bueller (do filme: Ferris Bueller’s Day Off).
Sumário
ANEXOS
Esta
análise tem como objetivo avaliar os 24 (vinte e quatro) meses de vigência dos
Seguros – Plano Auxílio Funeral Compulsório (PAF), Vida em Grupo e Acidentes Pessoais
Coletivo (PO) – contratados pela Prefeitura Municipal de Canoas para seus servidores
públicos de carreira e respectivos dependentes (cônjuges e filhos).
A
CAPREV analisará os dados sob três formas:
- a análise
Atuarial tem por base a data de competência do risco/evento;
- a análise
Econômica norteia-se pela data de competência dos direitos e obrigações, ou
seja, no critério de emissão e/ou aviso, independente da data de recebimento e/ou
quitação;
- a
análise Financeira é baseada no fluxo de valores (regime de caixa).
As
análises serão divididas por ano – primeiro e segundo ano de contrato – e por
tipo de plano – Compulsório e Optativo. Além da análise conjunta dos planos no
final do segundo ano.
O
intuito será a identificação da viabilidade do contrato para o ano subsequente
com ou sem ajustes e, caso seja necessário, quais serão estes ajustes.
Será
avaliado o período de vigência dos contratos, ou seja, de 1º de outubro de 2014
até 31 de setembro de 2016. Só serão considerados na análise, dependendo do
enfoque, os direitos e obrigações ou as entradas e saídas de caixa referentes a
este período.
A Análise
Atuarial considera os dados relativos à competência do risco, ou seja, a data
em que efetivamente ocorrem os sinistros propiciando o comparativo entre o
número dos eventos ocorridos com o número de eventos esperado.
A Análise
Econômica considera a data do aviso do evento, ou seja, tem caráter contábil e
é utilizado nas demonstrações contábeis.
A Análise
Financeira pondera recebimentos e pagamentos efetivos, ou seja, as reais
movimentações financeiras ocorridas na Seguradora. No caso dos sinistros, é a
data da sua efetiva liquidação (pagamento) junto ao segurado ou ao(s) seu(s)
beneficiário(s). Portanto, o critério financeiro é, basicamente, a análise do
Fluxo de Caixa.
Verificou-se
que a defasagem média de tempo entre a data da ocorrência do evento e a data em
que o segurado informa o sinistro à Seguradora, foi de aproximadamente um (1)
mês.
A
taxa adotada para aplicação do capital excedente foi de 4,5% ao ano (0,3675% a.m.)
para cumprir suas obrigações. A escolha da taxa está baseada no cenário
econômico atual e nas taxas praticas no mercado.
Os
Capitais Segurados e os Prêmios serão atualizados anualmente no início de
vigência do seguro, com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo -
IPCA/IBGE - acumulado nos últimos 12 (doze) meses anteriores ao da vigência do
seguro.
Indicadores
financeiros para avaliação do desempenho econômico dos planos:
Apresenta
o valor de sinistros informados em relação aos prêmios emitidos pela
Seguradora.
Onde:
- IS:
Índice de Sinistralidade;
- SA:
Sinistro Avisado; e,
- PLE:
Prêmio Líquido Emitido.
Mostra
o percentual do prêmio emitido líquido de sinistros.
Onde:
- MB:
Margem Bruta;
- PLE:
Prêmio Líquido Emitido; e,
- SE:
Sinistro Emitido.
Retorna
o percentual que resta dos prêmios emitidos após o desconto dos sinistros
informados e das outras despesas (administração, corretagem, agenciamento,
marketing, etc.).
Onde:
- ML:
Margem Líquida;
- RO:
Resultado Operacional Líquido; e,
- PLE:
Prêmio Líquido Emitido.
Amplamente
utilizado no mercado securitário, é calculado através da soma dos índices de
sinistralidade e índice de despesas. Desta forma, avalia a eficiência
operacional da Seguradora.
Onde:
- IC:
Índice Combinado;
- DT:
Despesa Total (Sinistro + Corretagem + Despesas Administrativas); e,
- PLE:
é o Prêmio Líquido Emitido.
É
calculado da mesma forma que o Índice Combinado, porém, antes da apuração do
índice de sinistralidade e do índice de despesas, é adicionado o resultado
financeiro aos prêmios emitidos.
Onde:
- ICA:
Índice Combinado Ampliado;
- DT:
Despesa Total (Sinistros + Corretagem + Despesas Administrativas – Res.
Financeiro);
- PLE:
é o Prêmio Líquido Emitido; e,
- Res.
Financeiro: Resultado Financeiro da Entidade.
Os
planos, tanto o Compulsório quanto o Facultativo serão analisados separadamente
e, em seguida, de forma conjunta, visando à ponderação de todos os resultados
possíveis.
Foi
realizada, primeiramente, a comparação entre os sinistros ocorridos com os
sinistros esperados calculados no momento da contratação.
O
cálculo do valor esperado dos sinistros foi realizado através da análise de
mortalidade e com base na Teoria do Risco Individual. Esta teoria também foi
utilizada no cálculo da margem de segurança com a finalidade de impedir
variação da média esperada de falecimentos, com intuito de gerar resultados atuarialmente
equilibrados para a Entidade.
A
tábua de mortalidade utilizada foi a Experiência Brasileira de 2012.
Esperava-se
para o primeiro ano 11,67 óbitos com uma margem de segurança de 6,67, contudo,
ocorreram 23 óbitos, ou seja, calculou-se que teríamos, no máximo, 18,34 óbitos
e foram contabilizados praticamente cinco (5) óbitos a mais. A Seguradora
calculou que teria como custo médio em indenizações do PAF um valor de
aproximadamente R$ 162.000,00, contudo, este custo chegou a R$ 310.500,00.
O Índice
de Sinistralidade para o primeiro ano foi de 65,79%, conforme abaixo.
Enquanto
o Índice de Sinistralidade Esperado era de 34%.
Através
do gráfico de área que mostra a representatividade entre a Sinistralidade
Esperada e a Efetiva percebe-se que em apenas dois períodos o percentual
manteve-se em um nível aceitável, deixando evidente o quão alta foi a
sinistralidade no primeiro ano.
Depois
de verificada a alta sinistralidade para o PAF no primeiro ano, passamos à análise
atuarial que registrou déficit de R$ 4.815,83, ou seja, um desvio negativo de
1,02%.
Abaixo,
o demonstrativo sintético dos resultados do 1º ano:
O
resultado atuarial acumulado foi extremamente negativo em quase todos os meses
do ano, somente apresentando redução no déficit nos períodos com baixa
sinistralidade.
O
resultado econômico fechou o primeiro ano com R$ 8.684,17 de Lucro Líquido.
De
modo que a análise econômica registra apenas o aviso dos sinistros à seguradora
não há no primeiro mês custo com sinistro. Contudo, este diferimento impactará
no mês seguinte e, no próximo ano também.
Na
análise financeira, o resultado acumulado do primeiro ano é de R$ 34.283,10
negativos, ou seja, desvio de menos 8,71%. O diferimento no pagamento dos
prêmios recebidos é o fator impactante no resultado financeiro do primeiro ano.
O custo com despesas administrativas para o funcionamento da seguradora causa o
impacto inicial e no terceiro mês já observamos que a despesa total supera o
recebimento de prêmios. Este quadro se reverte em cinco (5) dos doze (12) meses
de vigência do primeiro ano de contrato.
É
possível observar no gráfico que durante todo o primeiro ano de contrato o
resultado financeiro permanece negativo.
Não passou despercebido o resultado
atuarial e financeiro negativo, estes resultados nos mostram que a CAPREV não
se preparou adequadamente para altas taxas de sinistralidade. Conforme
verificamos a sinistralidade atuarial alcançou no período estudado 65,79%.
Enquanto a entidade esperava, no máximo, 18,34 sinistros, foram contabilizados
23 no total.
Sugerimos começar estudo para diminuição
de custos com as despesas administrativas e renegociação da taxa de corretagem.
Cálculos preliminares revelaram que se a
empresa tivesse trabalhado neste primeiro ano de contrato com índice de dez por
cento (10%) de despesas administrativas e quinze por cento (15%) de corretagem,
os resultados acumulados seguiriam os demonstrados abaixo:
Conforme
definido nas Condições Gerais do Plano e reforçado neste documento, anteriormente,
o Capital Segurado e o Prêmio Líquido sofrerão correção monetário pelo índice
IPCA (IBGE) acumulado nos últimos doze (12) meses. Este índice foi de cinco por
cento (5%). Desta forma, segue a tabela reajustada para o segundo ano:
A
metodologia para o cálculo atuarial do Plano Optativo segue as mesmas premissas
usadas para o PAF. Todavia, existem particularidades para cada modalidade do Plano
Optativo, além da diferenciação do Capital Segurado entre beneficiários
titulares e dependentes.
Existe
a previsão empírica que conforme a quantidade de sinistros possa aumentar
conforme diminui a renda do trabalhador, particularmente, com a modalidade de
Despesas Médico-Hospitalares e Odontológicas (DMHO), sendo assim, verificaremos
se os números traduzem a hipótese sociológica da análise.
Ocorreram
dez (10) sinistros por Morte Natural, nove (9) por Morte Acidental, sete (7)
por Invalidez Permanente por Acidente, três (3) por Invalidez Permanente por
Doença, 419 DMHO e, finalmente, oito (8) falecimentos de menor de catorze (14)
anos.
A
sinistralidade alcançou 66,96% para este primeiro ano, como segue:
De
antemão, cabe ressaltar que o mês de janeiro de 2015 trouxe uma sinistralidade
de 111,97%, conforme analisaremos na sequência.
O
resultado atuarial do primeiro ano de vigência do contrato foi de R$ 2.180.490,59
negativos, ou seja, um desvio negativo de 17,96%.
No
primeiro ano de vigência, o plano teve resultado atuarial acumulado
deficitário, resultado da elevada quantidade de ocorrências de sinistros no
período. No mês de novembro já há déficit e durante o ano se verifica que o
plano não consegue mais equilibrar as contas atuarias.
O
resultado econômico gerou impacto negativo menor no resultado acumulado do ano
devido ao diferimento nos sinistros no primeiro mês de vigência. O resultado acumulado
foi de R$ 1.490.490,59 negativos, ou seja, com um desvio negativo de 12,28%.
O
diferimento mencionado devido ao sinistro avisado ser contabilizado apenas no
mês seguinte faz com que se mantenha resultado acumulado positivo até o mês de
janeiro. No mês de fevereiro há um déficit de R$ 634.088,61 o que não é mais
revertido até o final do ano estudado, isto se deve por que no mês de
referência (janeiro de 2014) o Plano Optativo tem uma sinistralidade de 111,97%.
O
Prejuízo Financeiro no ano foi de R$ 2.059.830,48, ou seja, um desvio negativo
de 20,34%. Este resultado pode ser explicado pelo pagamento do prêmio ter
diferimento de dois meses para haver prêmio recebido pela Seguradora, mas já há
sinistros contabilizados e despesas pagas, são R$ 142.533,11 com gastos administrativos
e, ainda, despesas de marketing e de comissão de agenciamento, ambas pagas
totalmente no primeiro ano de vigência contratual do Plano Optativo
responsáveis juntamente por 36,08% do resultado. Já nos enfoques atuarial e
econômico, estas despesas são fracionadas.
O
Plano passou todos os meses do primeiro ano com resultado acumulado demasiadamente
deficitário.
Espera-se
que o segundo ano gere resultados financeiros menos gravosos devido ao
saldamento da Comissão de Agenciamento e da Despesa de Marketing.
Foram
calculados os indicadores de desempenho do primeiro ano do Plano Optativo.
Todos refletindo a alta sinistralidade e o pagamento das despesas com marketing
e agenciamento. Nota-se uma margem líquida negativa devido ao resultado operacional
ter ficado deficitário em R$ 62.535,44, o que implica nos esdrúxulos
percentuais de 111,73% do índice combinado e 112,35% do ampliado.
Ao
analisar os resultados do primeiro ano do PO, percebe-se novamente o erro na
precificação dos produtos. As margens percentuais de despesas elevadas e todo o
custo com marketing e agenciamento. Além disso, apesar de termos trabalhado com
a possibilidade de o grupo ser de risco, não esperamos a alta sinistralidade
registrada no período. Conforme verificamos a sinistralidade atuarial alcançou
no primeiro ano para este plano 67%.
Conforme
definido nas Condições Gerais do Plano e reforçado neste documento,
anteriormente, o Capital Segurado e o Prêmio Líquido sofrerão correção
monetária pelo índice IPCA (IBGE) acumulado nos últimos doze (12) meses. Este índice
foi de cinco por cento (5%). Desta forma, segue a tabela reajustada para o
segundo ano:
No segundo ano foram contabilizados 27
sinistros, número ainda maior eu o registrado para o primeiro ano. Com isso,
obteve-se um Índice de Sinistralidade de 77,86%. Conforme tabela abaixo:
Enquanto
o Índice de Sinistralidade Esperado era de 34%, pois foi calculado para os dois
primeiros anos. A CAPREV entende que a amostra é grande o suficiente para não
realizar ajustes, já que no primeiro ano eram 2.226 e apenas 23 sinistros,
neste contexto representam apenas 1,03%.
Através
do gráfico de área que mostra a representatividade entre a Sinistralidade
Esperada e a Efetiva percebe-se que esta última é ainda muito superior, sendo
assim tivemos uma sinistralidade ainda maior em relação ao primeiro ano.
Verificada
a sinistralidade para o PAF no segundo ano que se aproximou a 80%, passamos à
análise atuarial que registrou déficit de R$ 71.074,32, ou seja, um desvio
negativo de 14,46%.
Abaixo,
o demonstrativo sintético dos resultados do 2º ano:
O
resultado atuarial acumulado atuarial mês a mês segue a tendência negativa do
primeiro ano mesmo que o resultado operacional tenha sido positivo em sete dos
doze meses analisados. No mês de abril, este valor chega a praticamente R$
131.000,00.
O
resultado econômico acumulado fechou negativo em R$ 56.899,32, perdendo assim o
acumulado positivo do final do primeiro ano de contrato.
O
resultado mensal nos mostra que o início do segundo ano segue o resultado
positivo do final do primeiro ano de contrato, contudo, a sinistralidade e as
taxas elevadas jogam os resultados para baixo.
Na
análise financeira do segundo ano de contrato, o resultado acumulado é de R$ 101.525,85
de déficit, ou seja, desvio negativo de 20,79%. Nos dois primeiros meses do
segundo ano de contrato percebe-se recuperação dos resultados devido à baixa
sinistralidade, mas, já em dezembro de 2015, a despesa supera o dobro das
receitas com resultado mensal negativo em R$ 44.155,98.
O
gráfico mensal para o resultado financeiro mensal acumulado tem o desenho
semelhante ao da análise econômica, contudo, com valores mais robustos.
Indicadores
de desempenho para o Plano Auxílio Funeral Compulsório no segundo ano.
A
margem líquida negativa indica que o plano não está trazendo lucros e não
poderá haver distribuição monetária para os acionistas da CAPREV.
Abaixo,
vemos que toda a precificação realizada para o PAF gerou déficit nos três enfoques
estudados.
Assim
como na análise do PAF para o primeiro ano de contrato, sugerimos começar
estudo para diminuição de custos com as despesas administrativas e renegociação
da taxa de corretagem. Além disso, talvez seja necessário refazer o estudo para
a tábua de mortalidade utilizada, passando a utilizar uma tábua mais pesada
atuarialmente.
Cálculos
preliminares revelaram que se a empresa tivesse trabalhado neste primeiro ano
de contrato com índice de dez por cento (10%) de despesas administrativas e
quinze por cento (15%) de corretagem, os resultados acumulados seguiriam os
demonstrados abaixo:
Estes
ajustes serão abordados na parte final do trabalho, nas recomendações e
considerações finais.
A
metodologia para o cálculo atuarial do Plano Optativo segue as mesmas premissas
usadas para o primeiro ano de estudo.
Os
valores envolvidos são mais altos e conforme veremos, embora tenha sido
ajustado o valor de contribuição, os capitais segurados também foram ajustados
no mesmo percentual com o intuito de manter equilibrado o plano, tanto para a
empresa quanto para os beneficiários.
Ocorreram
neste segundo ano de contrato, trinta e dois (32) sinistros por Morte Natural, doze
(12) por Morte Acidental, quinze (15) por Invalidez Permanente por Acidente, 347
DMHO e, finalmente, dois (2) falecimentos de menor de catorze (14) anos.
A
sinistralidade alcançou 78,04% para este segundo ano de contrato, conforme
abaixo segue:
Neste
ano, tivemos como “ponto fora da curva”, uma sinistralidade novamente no mês de
janeiro uma sinistralidade de absurdos 170,03%.
O
resultado atuarial do segundo ano de vigência do contrato foi deficitário em R$
5.870.032,21, ou seja, um desvio negativo de 46,81%.
O
plano já vinha com resultados negativos no primeiro ano de vigência do
contrato, o que foi alavancado com o considerável aumento no percentual de
sinistralidade. No mês de agosto de 2016 o déficit acumulado chega a magnitude
de mais de seis milhões de reais (R$ 6.000.000,00).
O
resultado econômico gerou impacto negativo de R$ 5.550.832,21, ou seja, um
desvio negativo de 44,26%.
O
diferimento devido ao sinistro avisado ser contabilizado apenas no mês seguinte
ainda fará com que o resultado acumulado negativo ultrapasse o valor da tabela
acima, ultrapassando no mês de novembro de 2016 a mais de cinco milhões e
novecentos mil reais.
O
Prejuízo Financeiro é amenizado devido não haver custos com Comissão de
Agenciamento e Despesas com Marketing, que foram totalmente amortizadas no
primeiro ano de contrato. No ano este déficit foi de R$ 4.144.614,43, ou seja,
um desvio negativo de 33,22%.
Como
era esperado, os resultados financeiros foram menos gravosos devido ao
saldamento da Comissão de Agenciamento e da Despesa de Marketing. Todavia, como
todo o PO foi mal precificado, os resultados negativos contabilizados nos
enfoques estudados anteriormente, também foram encontrados no enfoque
financeiro.
Também
foram calculados os indicadores de desempenho para o segundo ano do Plano
Optativo. O resultado que chama a atenção é 132,68% do Índice Combinado Amplo,
que mede a eficiência da seguradora, neste caso, temos a situação de quanto
menor, melhor. O que agrava este índice é o uso das despesas
médico-hospitalares, que fogem do controle da seguradora.
Os
resultados que foram estudados sugerem que a CAPREV talvez não tenha utilizado
as melhores ferramentas atuarias para a formatação dos produtos. Outra causa
constatada é a alta taxa de sinistralidade para o segundo ano de contrato que
alcançou estratosféricos 78,04%. Ainda que os valores recebidos como prêmios
tenham sido superiores aos valores gastos com indenizações, aproximadamente
dois milhões e setecentos mil reais, as despesas para a manutenção do plano
foram elevadas, causando déficit nos três enfoques estudados.
A
metodologia segue a mesma sequencia das outras análises, todavia, neste momento
serão estudadas as duas modalidades contratadas (PAF + PO) e os resultados de
todo o período contratual.
Como
pode ser visto nos gráficos abaixo, a sinistralidade total é puxada pela sinistralidade
do Plano Optativo devido aos valores envolvidos neste.
O
resultado atuarial de toda a vigência do contrato foi deficitário em R$
5.941.106,53. A sinistralidade total foi de 73%.
Praticamente
em todos os meses as despesas superam as receitas com prêmios, sendo que em
quatro meses esta diferença é significante, e fica evidente ao observarmos o
gráfico abaixo.
Abaixo,
o resultado dois meses após a vigência do contrato, atuarialmente, esta
contabilização é pouco relevante, contudo será importante nos enfoques
econômicos e financeiros.
O
resultado econômico do contrato nos mostra uma sinistralidade de 71%, sendo que
a diferença entre a despesa total e o prêmio líquido emitido ficou em
aproximadamente cinco milhões e quatrocentos mil reais.
Abaixo,
a relação entre prêmio líquido emitido e despesa total, nos mostra, novamente,
o desequilíbrio econômico do contrato. No mês de fevereiro de 2016 é registrado
um gasto de R$ 1.855.875,00 de sinistro avisado, além de R$ 542.160,86 nas
outras despesas.
Após
o término do contrato, ainda temos R$ 333.375,00 de sinistro avisado o que
piora o resultado acumulado, tornando-o ainda mais deficitário.
O déficit
financeiro é registrado devido ao custo com despesas de R$ 10.028.944,82 além
dos sinistros pagos.
Abaixo,
novamente podemos perceber a linearidade dos prêmios recebidos confrontados com
as despesas totais, além do diferimento inicial para o recebimento de prêmios.
Ao
realizarmos o resultado financeiro após dois meses do fim da vigência do
contrato, verificamos que há uma redução do déficit acumulado porque recebemos
aproximadamente um milhão e cem mil reais de prêmios e, as despesas reduzem
consideravelmente.
Após
analisada toda a vigência do contrato dos planos compulsório e optativo,
comercializados junto aos servidores da Prefeitura Municipal de Canoas seguem
as seguintes explanações:
A
Margem Líquida Esperada para toda a operação era de cinco por cento (5%) com o
intuito de dar o retorno aos investimentos dos acionistas, todavia, o cálculo
de todo o período de ambos os planos resultou em um percentual negativo de 31%,
ou seja, prejuízo.
A
alta sinistralidade, cerca de 71% para os dois planos, acumulada sobre os dois
anos certamente contribuiu para o resultado financeiro negativo. Este déficit
foi de mais de quatro milhões de reais.
Os
custos com marketing e agenciamento representaram juntos, quinze por cento
(15%) dos prêmios recebidos.
Além
disso, as despesas administrativas e com corretagem somaram R$ 8.361.804,36.
Assim,
considerando os resultados obtidos, seguem as recomendações atuariais que devem
ser obrigatoriamente seguidas sob o risco de incorrermos em crime contra o
Sistema Financeiro Nacional:
Tábuas
– realizar o teste de aderência do grupo segurado com base no modelo de
Kolmogorov-Smirnov, a fim de adequar o perfil do grupo a partir dos registros
de experiência dos primeiros 24 meses de vigência dos Planos. A partir do teste
e da comparação do resultado, deve-se buscar uma nova tábua quando o nível
descritivo (p-valor) do teste for menor que 0,1. Será realizado então teste em
cinco outras tábuas de ampla utilização no mercado segurador, para assim
definir a tábua com maior aderência à experiência do plano. Também, iniciar
estudo atuarial para alteração do critério atualmente utilizado nos para precificação dos Seguros contra Invalidez
e passar a calcular com o auxílio das tábuas de entrada em invalidez, que
ajustam as probabilidades destes eventos às idades dos segurados.
Despesas
Administrativas – fomentar via boletim interno utilização de boas práticas para
a racionalização das despesas com materiais de consumo reduzindo de 14% para 12%
este custo.
Comissão
de Corretagem – renegociar junto às plataformas corretoras novos percentuais,
obrigatoriamente menores do que os atuais 21%.
Capitais
Segurados – redefinir as faixas destes capitais, com a proposta de aumentar das
atuais cinco faixas para dez. Pretende-se, assim, que a precificação fique mais
condizente com os valores indenizatórios então adotados.
Sinistralidade
– sugerir junto à Prefeitura política de divulgação de informações referentes à
saúde do trabalhador.
Cadastro
– revisar o cadastro dos segurados para que este esteja sempre atualizado e
mantenha as características do grupo da forma mais fidedigna possível.
Marketing
– tentar aumentar a adesão do grupo através de um novo plano de marketing com
foco específico nos 20% que não aderiram aos planos iniciais.
Resseguro
– a CAPREV entende que há como reverter a situação deficitária sem a
contratação de resseguro.
Por
fim, seguindo o todo acima exposto, sugerimos que seja realizada proposta junto
à Prefeitura Municipal de Canoas de renovação de contrato para o terceiro ano,
visto que esta já sinalizou com esta possibilidade.
Canoas, outubro de 2016.
Claudemir
Azevedo
Claudemir Azevedo
Atuária MIBA nº 7.776
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