Déficit e Dívida Pública - Economia política do endividamento - Blog do Estudante de Atuariais

quarta-feira, 22 de maio de 2019

Déficit e Dívida Pública - Economia política do endividamento


2.2. Economia política do endividamento

           Ela é determinada pelo questionamento fundamental da economia pública, qual seja:

           a) de que forma e em que proporção as despesas públicas podem ser consideradas "produtivas"?

           b) que atribuições devem ser assumidas pelo Estado?

           2.2.1. Mercantilistas

                Simpáticos ao endividamento, pois aumenta os recursos necessários para alcançar o desenvolvimento com apoio do Estado como "empresário pioneiro".

                 Estado: absolutismo esclarecido.

           2.2.2. Clássicos

                Posição contrária ao endividamento:

                a) razão política:

                   - Parlamento, instrumento de defesa contra a fúria tributária do rei absolutista. Endividamento significa driblar essa defesa.

                   - burguesia emergente desinteressada em expansão do Estado na área sócio-política.

                   - consideravam as despesas públicas improdutivas, perdidas para a economia e por isso necessário mantê-las reduzidas.

                b) razão econômica:

                   - em economia baseada na moeda com lastro metálico existe efetivamente o risco da bancarrota pública, pois inexiste o potencial de emissão monetária (fato comum nos séculos 18 e 19).

                   - visão parcial da economia e conseqüente visão igual entre Estado e economia individual (hoje ainda vigente). Transfere a visão puritana da necessidade do indivíduo de poupar para o Estado. O endividamento reduz a propensão a poupar. Smith: o endividamento só enfraqueceu quem dele se utilizou.

                   - "ilusão do endividamento" - não se nota a necessidade de aumento da carga tributária para amortização e juros.

           2.2.3. Escola Histórica

                Aceita endividamento para o desenvolvimento econômico (situação alemã!! Autores: List).

                Despesa pública (principalmente o investimento) encarado como produtiva.

                Regras de cobertura, com os seguintes critérios:

                - periodicidade
                - previsibilidade
                - produtividade ou rentabilidade das despesas financiadas.

                Atividades financiáveis:

                - guerras
                - investimentos rentáveis
                - despesas não regulares (ex.: de infra-estrutura) que propiciem elevação da receita tributária por seus efeitos indiretos na economia.

                Regras de cobertura de despesa para determinadas atividades. Também característica dos clássicos, mas com visão diferenciada, ao considerar produtivas as despesas públicas, principalmente os investimentos.

           2.2.4. Keynesianos

               Superam:

               - a visão parcial, que igualava Estado e indivíduo.

               - o estabelecimento de "regras de cobertura".

              Da função estabilizadora do Estado, emerge a visão funcional do endividamento.

              Integra as teorias das finanças públicas e a política monetária.

              As "regras de cobertura" clássicas são substituídas por análises do efeito do endividamento segundo as formas de endividamento e segundo os instrumentos de captação dos empréstimos e segundo os setores econômicos beneficiados pelo financiamento.

                A. P. Lerner:

                 - endividamento não questão de princípio, mas de adequação
                 - que nível e de que forma endividamento via instrumentos monetários
                 - até que nível usar os bônus do banco central e a emissão monetária, considerando os efeitos expansivos sobre a economia, os aspectos redistributivos do serviço da dívida e a flexibilidade do orçamento.

           Obs.: dificuldades para ser adotado na prática!!!

           2.2.5. Neoliberais

                Contrários ao endividamento:

                - o endividamento é a realização no presente de receitas tributárias do futuro.

                - transforma o Leviatã "probabilístico" em Leviatã "eterno" (Buchanan, "The power to tax").

                Soluções:

                - limitar as receitas ou despesas totais (e conseqüentemente o endividamento).

                - exigir o equilíbrio orçamentário.

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