Blog do Estudante de Atuariais: Análise microeconômica
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segunda-feira, 25 de março de 2019

Exercícios Resolvidos Análise Microeconômica II


1) A função produção de uma firma perfeitamente competitiva nos mercados de produto e de fator é
Q = 150 L ² - 10 L³   
PL = $ 1260, e P = $ 2. Pede-se:
              a)       A quantidade de mão-de-obra contratada e a produção correspondente (L = 7, Q = 3.920)
b)       Se o preço do produto se elevar para $ 3, qual a nova contratação? (L = 8,3)

2) A função produção de uma firma perfeitamente competitiva nos dois mercados
(De produto e de fator) é Q = 10L – 0,5 L² sendo o preço do produto no mercado
 P = $ 50. Uma firma monopolista no mercado de produto e perfeitamente competitiva no mercado de fator tem a mesma função produção e
RT = 50 Q – 2,5 Q² (Receita Total). Pede-se:
a)       O salário pago pelas duas empresas se L = Q = 1. (PLM = 405 e PLCP = 450)
b)       Se PL = $ 100 e Q = 5, qual a quantidade de mão-de-obra contratada pelas firmas    
        (Monopólio: L = 6 e Concorrência L = 8)

3) PL = 27 – 3 L é a demanda de mão-de-obra de uma firma puramente competitiva nos mercados de produto e de fator e PL = 24 – 4 L a função de demanda de mão-de-obra de um monopolista no mercado de produto apenas. Se PL = $ 18, calcule a exploração monopolista.
Resposta: Concorrência: L = 3 PL = 22,5 Monopólio L = 1,5 Exploração de 4,5
(Para ver isto, ver qual a remuneração do monopolista para uma mesma quantidade contratada pelo concorrente perfeito)

4) A oferta de mão-de-obra de uma firma monopsonista é PL = 10 + L e Produto Receita Marginal é
 PRMg = 40 – 3 L. Pede-se:
a) L e PL. (L = 6 PL = 16)
b) A exploração monopsonista. ( 22 – 16 = 6 )
c) Se fosse Concorrência Perfeita quais seria L e P (L = 7,5 e PL = 17,5)

5) A oferta de mão-de obra de um monopsonista é PL = 20 + 2,5 L e PRMg = 75 – 15 L. Pede-se:
a) L e PL de máximo lucro. (L = 2,75 PL = 26,875)
b) A exploração monopsonista. (6,875)
c) L e Pl em Concorrência Perfeita. (L = 3,14 PL = 27,85)
d) Represente num mesmo gráfico a, b e c.          
6) A função de demanda de uma firma típica de Concorrência Monopolista é Qd = 240 – 4,8 P e a demanda das demais é Qd = 80 – 0,8 P.
a)       Sem adotar uma política de preços, qual será o preço e a quantidade da típica e das demais?
b)       Se a firma típica elevar o preço em $5, quanto venderá antes e depois da reação das demais?
Respostas: a) P = $ 40 Q = 48 (igualando as duas demandas)
      b)  Antes: Q = 24 (substituindo 45 na demanda da típica) Depois: Q = 44
(Substituindo na demanda das demais que acompanham esta subida de preço)
      7) A função de demanda de uma firma típica de Concorrência Monopolista é
P =150– 5 Q e CTLP = Q³ - 9 Q² + 150Q.
a) Sua produção e preço
b) Produção e preço em Concorrência Perfeita
c)       O excesso de capacidade
Respostas: Para a Concorrência Monopolista a produção é a equivalente à tangência da demanda no CMe, e a Conc.Perfeita no mínimo do CMe e a diferença de produção das duas é o excesso de capacidade.
a) Q = 4    P = 130
b) Q = 4,5 P = 129,75
c)        0,5
8) A função de demanda de um mercado oligopolista, com 2 firmas é
Q = 600 – 10 P e CT = 20 Q. Pede-se:
a)       A produção, preço e lucro da firma I ao entrar inicialmente no mercado.
b)       A equação de melhor resposta de duas firmas.
c)       O quadro de estratégias
Respostas:
a)        Q = 200 P = 40  p = 4.000
b)   Q1 = 200 – 0,5 Q2   e Q2 = 200 – 0,5 Q1
c)
Q1 = Q2 = 100
P = 40
p1 =  p2 = 2.000
Q1 = 100   Q2 = 150
P = 35
p1 = 1.500   p2 = 2.250
Q1 = 150  Q2 = 100
P = 35
p1 =  2.250  p2 = 1.500
Q1 = Q2 = 133,33
P = 33,33
p1 =  p2 = 1.777,28

Resenha - Produção, Custos e Estrutura de Mercado

Fundamentos da Economia / Marco Antônio S. Vasconcellos, Manuel E. Garcia – 3ª ed. – São Paulo: Saraiva, 2008.

1. Produção e Custos

Este texto trata das teorias para os cálculos de maximização de custos em uma atividade produtiva. Para tanto, utiliza os conceitos econômicos, contábeis e de metodologia básica de custos, apresentando tabelas e gráficos que traduzem estas análises.
O conteúdo se divide em 3 grandes capítulos, quais sejam: Teoria da Produção, Custos de Produção e Maximização dos Lucros. Utiliza-se de uma narrativa direta e técnica, explicando cada item de cálculo de forma direta, dando bastante enfoque para os primeiros dois capítulos, pois, do entendimento destes, fica mais fácil a sua aplicação para o último capítulo, ou seja, para o cálculo da maximização dos lucros.
Teoria da Produção:
Produção é o processo de transformação de insumos em produtos finalizados. Pode-se dividir em produção física e prestação de serviços. O objetivo aqui é alcançar a maior eficiência econômica possível. Supondo que a empresa esteja trabalhando eficientemente, os custos irão variar em função da mão-de-obra e do capital investido.
Os custos fixos e variáveis se constituem na divisão ampla em que os fixos são mais difíceis de serem diminuídos, pois são, em geral, os relacionados às instalações da empresa e só se conseguiria diminuir no curto prazo; os custos variáveis são relativos ao volume de produção e pode diminuir facilmente, mas geralmente, acarretando em uma diminuição da produção.
A análise de curto prazo se divide em produtividade total, média e marginal; para cada uma delas existem fórmulas de variação para cálculos e tomada de decisão.
Um conceito importante para os economistas é a Lei dos rendimentos decrescentes que consiste em elevar a quantidade do fator variável, permanecendo fixa a quantidade dos demais fatores, a produção inicialmente aumentará a taxas decrescentes; a seguir, depois de certa quantidade utilizada do fator variável, continuará a crescer a taxas decrescentes; continuando o incremento da utilização do fator variável, a produção total chegará a um máximo, para depois decrescer. Esta lei é um fenômeno de curto prazo, mas se aumentarmos os custos fixos, passará para uma análise de longo prazo.
A hipótese de que todos os fatores são variáveis caracteriza a análise de longo prazo dando origem aos conceitos de economias ou deseconomias de escala. As causas geradores desses fatores são a maior especialização do trabalho e a indivisibilidade entre os fatores de produção.
Custos de Produção:
Para otimizar os resultados de uma empresa deve-se levar em consideração dois objetivos: a) maximizar a produção para um dado custo total e; b) minimizar o custo total para um dado nível de produção.
Os custos totais da produção são divididos em custos variáveis totais e custos fixos totais que também são divididos em curto e longo prazo.
As principais diferenças entre a visão econômica e a visão contábil-financeira estão nos seguintes conceitos: custos de oportunidades e custos contábeis; externalidades (custos privados e sociais) e custos e despesas.
Os custos contábeis são os normalmente conhecidos na contabilidade privada, ou seja, são custos explícitos, que sempre evoluem um dispêndio monetário. É o gasto efetivo, explícito, na compra ou aluguel, contabilizado no balanço da empresa.
Já, os custos de oportunidade são implícitos, relativos aos insumos que pertencem à empresa e que não envolvem desembolso monetário. São estimados a partir do que poderia ser ganho no melhor uso alternativo. Existem fórmulas para calcular este custo.
As economias externas podem ser definidas como as alterações de custos e benefícios para a sociedade derivadas da produção das empresas, ou também como as alterações de custos e receitas da empresa devidas a fatores externos.
Na teoria microeconômica tradicional, não é feita uma distinção rigorosa entre os conceitos de custos e despesas, como é feito na contabilidade.
Maximização dos Lucros:
Define-se lucro total como a diferença entre as receitas de vendas e seus custos totais de produção; receita marginal como o acréscimo da receita total da empresa quando essa vende uma unidade adicional do seu produto e custo marginal é o acréscimo do custo total de produção da empresa quando essa produz uma unidade adicional do seu produto. Sinteticamente, sendo a receita marginal maior que o custo marginal o empresário terá interesse em aumentar a sua produção, chegando no máximo, ao equilíbrio onde:
RMg = CMg
RMg: receita marginal;
CMg: custo marginal;
Desse modo, seu lucro total será máximo.
Para finalizar, outro conceito importante é o Ponto de Equilíbrio, que representa o nível de produção em que a receita total é igual ao custo total (lucro zero), e a partir do qual a empresa passa a gerar lucros, contudo, ele é um conceito essencialmente contábil, pois não considera o custo de oportunidade, como fazem os economistas.

2. Estruturas de Mercado

Esta segunda parte trata das estruturas de mercado e suas características, fazendo a divisão dos tipos de concorrência e seus conceitos.
As várias formas ou estruturas de mercado dependem fundamentalmente de 3 características:
a)      número de empresas que compõem esse mercado;
b)      tipo do produto;
c)      barreiras de acesso às novas empresas nesse mercado.
Para tais modelos pressupõe que todas as empresas maximizem o lucro.
Concorrência pura ou perfeita: há um grande número de vendedores de tal forma que apenas uma não afeta a oferta do mercado nem o preço de equilíbrio. Suas características são o mercado com grande número de empresas, produtos homogêneos, não existem barreiras e todas as informações sobre lucros e preços são conhecidos por todos os participantes do mercado.
Deve-se salientar que, na realidade, não existe o mercado tipicamente de concorrência perfeita, sendo talvez o mercado de produtos hortifrutigranjeiros o exemplo mais próximo.
Monopólio: é o oposto da concorrência perfeita. Nele existe um único empresário. A curva de demanda da empresa é a própria curva da demanda do mercado como um todo. Ela determina o preço de equilíbrio. Contudo, isso não significa que o monopolista poderá aumentar seus preços indefinidamente, pois, se o preço se elevar em demasia, pesará muito no orçamento dos consumidores, que tenderão a consumir menos desse produto.
Para que exista o monopólio, deve haver barreiras que impeçam a entrada de novas firmas no mercado, quais sejam: exigência de elevado volume de capital, patentes e controle de matérias primas básicas.
Oligopólio: é um tipo de estrutura normalmente caracterizada por um pequeno número de empresas que dominam a oferta de mercado. O setor produtivo brasileiro é altamente oligopolizado: montadoras de veículos, setor de cosméticos, indústria de bebidas, química e farmacêutica, dentre outros exemplos.
Um tipo de oligopólio comum é o cartel que é uma organização de produtores dentro de um setor que determina a política de preços para todas as empresas que a ela pertencem.
Também, há empresas líderes que fixam preços respeitando a estrutura de custo das demais que é chamado de liderança de preços.
É possível dividir em mais dois nichos que são os oligopólios com produtos diferenciados e com produtos homogêneos.
Concorrência monopolística: é uma estrutura intermediária entre a perfeita e o monopólio, mas que não se confunde com o oligopólio e tem como características existir um número relativamente grande de empresas e a margem de manobra para fixação dos preços não muito ampla.
Estruturas de mercado de fatores de produção:
a)      concorrência perfeita no mercado de fatores corresponde àquele em que o fator de produção é abundante o que torna o preço constante;
b)      monopólio no mercado de fatores quando há um monopolista na venda de insumos;
c)      oligopólio no mercado de fatores quando poucas empresas produzem um determinado insumo;
d)     monopsônio que há somente um comprador para muitos fornecedores;
e)      oligopsônio em que há poucos compradores negociando com muitos vendedores;
f)       monopólio bilateral ocorre quando um monopsonista, na compra de um fator de produção, defronta com um monopolista na venda desse fator.
No Brasil, desde os anos 1960, existem diversas legislações que procuram coibir os abusos de poder econômico em defesa da concorrência e da proteção aos consumidores. Quando se prova que a limitação da concorrência não propicia ganhos aos consumidores em termos de menores preços pode-se determinar que os negócios entre empresas (compra, fusão) sejam desfeitos.

sexta-feira, 22 de março de 2019

MERCADO DE PEIXES












1. Aspectos introdutórios


Este trabalho tem como objetivo apresentar um estudo sobre o mercado de peixes em nível nacional e especificamente, em nível local, abordando a cidade de Porto Alegre e região metropolitana.  Dentre os aspectos estudados encontram-se: uma visão global do mercado de peixes, alguns aspectos sobre a piscicultura, os locais de negociação de peixes, os fatores que influenciam a compra do produto, a estrutura de mercado, previsões para o futuro, o consumo de peixes da cidade de Porto Alegre e a sua comercialização no período da semana santa na região da grande Porto Alegre.
Outro aspecto importante no qual trabalhamos foi à relação entre o mercado de peixes e os fatores que determinam sua demanda, sua oferta e os fatores que determinam sua elasticidade preço e elasticidade renda da demanda. A metodologia utilizada para a análise desse mercado foi a coleta de informações disponíveis nos endereços eletrônicos da Emater, SEBRAE e Embrapa. Além disso, foram realizadas leituras de artigos científicos e entrevista realizada em dois estabelecimentos comerciais no mercado público da cidade de Porto Alegre –RS.

2. Mercado de Peixes: uma visão geral

            Atualmente o Brasil captura 1 milhão de toneladas de peixes, mas pode chegar a até 20 milhões, por causa da extensão de sua costa e de ter em seu território a maior reserva de água doce do planeta. A nova lei da pesca e a participação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) nos trabalhos do ministério, no desenvolvimento e na fiscalização da atividade pesqueira são questões que tendem a fazer com que o consumo de peixe fique cada vez maior no Brasil. Hoje, o Brasil já disputa a pesca no Atlântico Sul com a Espanha e o Japão e isso é uma marca importante e inédita do setor. O consumo de peixes é mais saudável que a carne vermelha. Hoje, a média no Brasil é de 7 quilos ao ano por habitante, enquanto a média mundial é de 17 quilos por pessoa e o mínimo recomendado pela Organização Mundial da Saúde é de 12 quilos.
Um dos planos do governo é priorizar o cultivo de peixes na Amazônia, em detrimento da criação de gado, pois o custo do pescado é menor e envolve a própria vocação geográfica da região.

3. A Piscicultura

Os principais tipos de aqüicultura possuem um retorno relativamente rápido comparado com os outros investimentos. A demanda nesse mercado está diretamente ligada às questões de renda, porém muitas vezes esse fator não é levado em conta e em muitos projetos públicos não se tem nenhuma preocupação com o público alvo.
O Brasil é um dos maiores consumidores de carne bovina, nesse contexto o consumo de pescados não é muito elevado o que chama atenção devido a grande extensão costeira e as bacias hidrográficas existentes no território nacional. Estudos indicam que em uma visão geral o consumo de pescados no Brasil é aproximadamente 7kg./habitantes/ ano. Uma média baixa comparada à carne bovina.  
Essa grande diferença se deve a alguns fatores:
-Dificuldade do consumidor em saber o quanto o peixe esta fresco;
-O preço alto comparado a outras carnes;
-A possibilidade de se engasgar com espinhos;
Entretanto esse quadro é passível de mudança, uma vez que, os valores nutricionais do peixe e seus benefícios são comprovados dia-a–dia. O marketing institucional é de grande importância para o aumento do consumo.

4. Locais de negociação de peixes

Com uma extensão continental, o Brasil possui 8 bacias hidrográficas, 13% da água doce mundial, além de uma imensa costa que percorre 17 estados brasileiros. Com este potencial aqüífero, o país produziu, em 2010, 1 milhão de toneladas de peixes, o que significa 0,03% dos 93 bilhões de dólares comercializados no mundo.
            Para elencarmos os principais locais de encontro para negociação e trocas e saber quem são os compradores e vendedores neste negócio em franca expansão, faremos, a seguir, uma síntese do panorama nacional.
            Os parques aquícolas estão se constituindo em grandes produtores de peixes e, desta forma, começa ali, a negociação em muitos estados brasileiros.
            Os microprodutores repassam sua produção para a população e também para consumo próprio, se existem muitos destes microprodutores em uma determinada região, pode-se observar a concorrência perfeita. No caso do mercado de peixes, em geral, existe a concorrência-pura perfeita, isto é, grande número de pequenos produtores fazendo com que o preço pelo não seja determinado apenas algumas empresas de grande porte. A produção e o consumo, neste caso, não tem uma delimitação geográfica, pois, pode-se perceber, inclusive a troca entre os produtores, a Amazônia é um bom exemplo.
            No norte do país, por carecer de atividades econômicas sustentáveis e depender de pesca artesanal, que é sazonal e está cada vez mais decadente. Está se investindo na produção de peixe em cativeiro, que pode ser feita em tanques ou diretamente nos cercamentos de áreas nos rios. Transportados aos grandes centros para comercialização in natura nos mercados públicos.
            Representando os estados do nordeste, citamos o Sergipe e o Piauí. Este último realiza o Festival do Caranguejo. Um bom exemplo, pois neste festival é transformado e comercializado em pratos típicos. São criados e vendidos aos hotéis e restaurantes por cooperativas de catadores.
            Em Vitória, ES, na região sudeste, os pescadores receberam treinamento e estão se transformando em piscicultores. Desta forma, eles se juntam e compõem associações com o objetivo de comercializar em restaurantes das próprias associações. Quando o peixe é colocado no prato, preparado de qualquer forma que seja, agrega-se valor ao produto, resultando em maiores lucros.
            Estado famoso por abrigar uma grande quantidade de rios, lagos e lagoas o Mato Grosso do Sul é referência em comercialização de pescado. Deste estado podemos destacar a produção na forma de pesque-pague, a maior parte dela segue para os estados da região sul mais os estados de São Paulo e Minas Gerais.
            Além destas culturas supracitadas, observamos diversos meios de negociação: como os mercados públicos nas capitais dos estados, as feiras que alavancam as vendas na época da semana santa, os supermercados que comercializam das mais variadas formas: inteiro, em posta, filé e congelado. Nas regiões portuárias existem feiras e mercados. Os pescadores de fim-de-semana, que pescam para o próprio consumo. Ou os mais recentes, como as temakerias, que trazem os pratos da culinária japonesa para o ocidente.
            Isto posto, pode-se concluir que existem diversos tipos de peixes, produzidos de formas variadas em todas as regiões do Brasil, mesmo assim, a oferta de peixe para o brasileiro é insuficiente, pelos mais diversos motivos. De qualquer forma, a demanda é grande e o investimento é retorno garantido, apesar da desconfiança na higiene e da falta de cultura na hora escolher a carne para a compra.

5. Fatores que são levados em questão no momento da compra

5.1 Peixe fresco

  • Aparência: ausência de manchas, furos ou cortes na superfície.
  • Escamas: bem firmes e resistentes. Devem estar translúcidas (parcialmente transparentes) e brilhantes.
  • Pele: úmida, tensa e bem aderida.
  • Olhos: devem ocupar toda a cavidade, ser brilhantes e salientes, sem a presença de pontos brancos ao centro do olho.
  • Membrana que reveste a guelra (opérculo): rígida, deve oferecer resistência à sua abertura. A face interna deve estar brilhante e os vasos sanguíneos, cheios e fixos.
  • Brânquias: de cor rosa ao vermelho intenso, úmidas e brilhantes, ausência ou discreta presença de muco (líquido pastoso).
  • Abdômen: aderidos aos ossos fortemente e de elasticidade marcante.
  • Odor, sabor e cor: característicos da espécie que se trata.
  • Conservação: deve ser mantido sob refrigeração ou sobre uma espessa camada de gelo.

5.2 Peixe congelado:

  • Conservação: verifique se o produto está armazenado na temperatura de conservação informada pelo fabricante na embalagem. Os produtos não podem estar amolecidos ou com acúmulo de líquidos, sinal de que passaram por um processo de descongelamento. A presença de gelo ou muita água indica que o balcão foi desligado ou teve sua temperatura diminuída temporariamente.

5.3 Bacalhau ou peixe salgado seco

            No Brasil é reconhecido como bacalhau todo o peixe salgado e seco. Existem no mercado nacional cinco espécies de peixe diferentes: Gadus morhua (Cod) e Gadus macrocephalus, que são reconhecidas como bacalhau legítimo, e Saithe, Ling e Zarbo. As seguintes características são observadas na hora da compra:
  • O produto deve ser armazenado em local limpo, protegido de poeira e insetos.
  • Verifique se não há a presença de mofo, ovos u larvas de moscas, manchas escuras ou avermelhadas, limosidade superficial, amolecimento e odor desagradável, que indicam que o produto não está bom para consumo.
  • Quando vendido embalado, deve apresentar no rótulo a denominação de venda, data de validade, país de origem, prazo de validade, selo de inspeção federal e outras informações obrigatórias.

5.4 Frutos do mar, crustáceos e moluscos

            Devem ter aspecto geral brilhante, úmido; corpo em curvatura natural, rígida, patas firmes e resistentes; pernas inteiras e firmes; carapaça bem aderente ao corpo; coloração própria à espécie, sem qualquer pigmentação estranha; não apresentar coloração alaranjada ou negra na carapaça e apresentar olhos vivos, destacados, cheiro próprio e suave.
            Caranguejos e siris devem estar vivos e vigorosos; possuir cheiro próprio e suave; aspecto geral brilhante, úmido; corpo em curvatura natural, rígida, patas firmes e resistentes; pernas inteiras e firmes; carapaça bem aderente ao corpo; coloração própria à espécie, sem qualquer pigmentação estranha e devem apresentar olhos vivos, destacados.
            Mariscos: devem ser expostos à venda vivos, com valvas fechadas e com retenção de água incolor e límpida nas conchas; apresentar cheiro agradável e pronunciado; ter a carne úmida, bem aderente à concha, de aspecto esponjoso, de cor acinzentada-claro nas ostras e amarelada nos mexilhões.
            Polvos, lula: devem ter a pele lisa e úmida; olhos vivos e salientes; carne consistente e elástica; cheiro próprio (levemente adocicado); e ausência de qualquer pigmentação estranha à espécie.

6.  Estruturas de Mercado

6.1 Pesque-pague


O pesque-pague é uma atividade de lazer, cujo principal atrativo é a pesca esportiva. A expansão dos pesque-pague ocorreu principalmente ao redor de centros urbanos mais populosos. Essa atividade criou uma grande demanda por peixes cultivados, na medida em que os peixes precisam chegar vivos aos pesque-pagues. Em 1988, os pesque-pague sozinhos consumiam cerca de 17.000 toneladas anuais de peixe. Isso equivalia à cerca de 20% da produção da piscicultura nacional.
Nesse mercado, existe maior valorização das espécies que são consideradas mais esportivas e pelos chamados “peixes troféu”. Essas espécies são chamadas assim por causa da fama entre os pescadores, por seu tamanho, ou por ambas as qualidades. São exemplos de “peixes troféu”: pacus e tambaquis de grande porte, dourado, pintado, matrinxã, etc. Estes peixes são adquiridos pelos pesqueiros por preços muito altos, em função de sua elevada demanda e a sua oferta limitada, causada pelas dificuldades na produção em cativeiro.
O mercado de pesque-pague é sazonal. O período do ano favorável para a comercialização de peixes, é de outubro a março. Nesta época, ele possui maior demanda de clientes por ser um período quente, favorável à pesca, e agradável para as atividades ao ar-livre.
            A partir do final da década de 90, a demanda dos pesque-pague por peixes cultivados começou a dar sinais de estabilização. Mesmo assim, o número de produtores que se dedicavam à piscicultura continuou crescendo. Logo, começou a ser necessária a busca por novos mercados. Com isso, começaram a surgir as condições mínimas para o surgimento de indústrias de processamento de peixes cultivados.

6.2 Indústrias de Processamento

O setor industriário, que está dando seus primeiros passos, esta apresentando inúmeras as dificuldades para viabilização das indústrias de processamento, com destaque para a falta de escala de produção e os problemas disto decorrentes. Sem escala, tudo fica mais difícil: a matéria- prima custa caro, pois o produtor não tem seus custos diluídos; o custo fixo da indústria fica alto, pois ela não processa o mínimo necessário para bancá-lo; os custos com fretes não se justificam, pois não utiliza a capacidade total do frete em questão; e, o investimento em novas tecnologias para criar subprodutos e aproveitar os resíduos fica inviável, pois o volume é pequeno.
Em 2004 o Brasil exportou 323 toneladas de filés frescos, somando um valor de US$ 1,49 milhões, ou cerca de 2% do valor total deste produto importado pelos EUA. Já em 2005, somente nos quatro primeiros meses, as exportações brasileiras haviam chegado a 319 toneladas de filés frescos, totalizando uma receita total de US$ 1,61 milhões, ou cerca de 4% do valor total importado pelos EUA nesse produto. E o potencial de exportação do Brasil tem muito a crescer ainda pelo que dizem os especialistas do setor.
Porém, para que as processadoras possam ser viabilizadas economicamente, é preciso antes que os produtores consigam atingir um nível de produção em escala industrial e a preços competitivos. Esse é o grande desafio da piscicultura brasileira nesse seu esforço para se consolidar.

6.3 Mercado Atacadista de Pescados na CEAGESP

Um mercado extremamente interessante é o mercado atacadista.O principal centro atacadista do país é a Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (CEAGESP). E neste que se concentra o maior mercado de entreposto da América Latina e que além de servir à capital, serve a outros estados e também para fora do país.
A CEAGESP funciona com três pátios o primeiro comercializa peixe fresco, o segundo comercializa produtos congelados e o terceiro comercializa apenas dois tipos de peixes: a sardinha e cavalinha.
Independente de a participação ter caído no mercado, a CEAGESP ainda movimenta  grande parte do pescado produzido no Brasil.
No final de 2007 a CEAGESP, modernizou todo o seu setor de pescado, com inspeção primária, fábrica de gelo, central de filtragem e câmara de coleta de resíduos. Essa modernização aumentou a qualidade e durabilidade do pescado, adequando-o às normas higiênico-sanitárias.
Obs: A comercialização total do pescado da CEAGESP, chegou a movimentar 40.936 toneladas.

7. Perspectivas para o futuro

Analisando o cenário atual do mercado de peixes brasileiro e as perspectivas para os próximos anos, com base no consumo doméstico, na rede de distribuição e no potencial hídrico brasileiro se aponta uma expansão da aquicultura no Brasil, principalmente na área de  peixes de água doce, devido ao enorme potencial do país e ao histórico da produção. A produção de pescado do Brasil hoje é de 1 milhão de toneladas por ano. Mas pode saltar para 1,7 milhão em quatro anos, de acordo com o Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA).
Pesquisas mostram que, o peixe daria um lucro de 20 a 300 vezes maior para o mercado brasileiro do que o gado na Amazônia, o qual gera receita de R$ 400 por hectare ao ano. É com essa nova realidade que o Brasil precisa trabalhar. Até porque o consumo de peixe per capita brasileiro é de 6kg ano (dado coletado no ano de 2003),  segundo recomendações da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) e Organização Mundial de Saúde (OMS), cada habitante deveria consumir pelo menos 13 kg por ano, sendo a média nacional de 16kg.
Para aumentar a quantidade ofertada de peixe no mercado brasileiro, e aumentar o incentivo de hábitos saudáveis, neste caso o consumo de uma maior quantidade de peixes, as organizações já estão realizando projetos para que esta perspectiva se torne realidade. O Sebrae, em 2010, está apoiando 56 projetos deste setor em 21 estados, com público-alvo de 2,3 mil pessoas e 1,3 mil empreendimentos formais, quer ter acesso ao conhecimento a ser produzido pela Embrapa e oferecer novas ferramentas de gestão.
Também assinou um acordo de cooperação com o Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA) para estimular atividades aquícolas no país, com enfoque nas pequenas e microempresas. O MPA e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) inauguraram a pedra fundamental da sede do Centro Nacional de Pesquisa em Pesca, Aquicultura e Sistemas Agrícolas. Pois o melhor método de melhoria no mercado é o investimento na área de  tecnologia  e  de pesquisa científica.
Outro ponto que irá ajudar o Brasil a avançar nesse processo são as conquistas políticas no período de 2009. Entre elas, a lei que fora sancionada, a qual, transformou a Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca em ministério, que gerou um aumento considerável no apoio financeiro ao setor; a criação da Embrapa Aquicultura e Pesca e a sansão da Lei da Pesca e Aquicultura. Essas mudanças permitirão que o setor da piscicultura tenha mais autonomia jurídica, administrativa, financeira e mais competência na questão do quadro de profissionais especializados.
Com todas essas mudanças e processos para a melhoria no mercado da piscicultura no Brasil já estamos vendo algumas melhorias como, por exemplo, em 2003 média de consumo de peixe por habitante ao ano era de 6kg, já citado anteriormente, atualmente dados confirmam que no ano de 2009, essa média aumentou para 9kg per capita. Mostrando uma ascensão notável e importante para esse setor, já que com isso gerou 500 mil novos empregos.
O efeito renda é percebido em que se a renda dos consumidores entrevistados aumentasse em 1%, a demanda de peixe por esses entrevistados tenderia a aumentar em 0,02%, ceteris paribus. Como a elasticidade-renda foi positiva afirma-se que o peixe pode ser avaliado como um bem normal.
A elasticidade da oferta foi classificada como inelástica assim o coeficiente associado ao preço do peixe, é igual a 0,34 Kg, o que indica a magnitude de alteração na quantidade ofertada da carne de peixe quando o preço aumenta de R$ 1,00/Kg.
O peixe é um produto normal e tem demanda inelástica ao preço, a carne bovina se confirmou como um produto substituto do peixe para os consumidores entrevistados.

8. O consumo de pescado na cidade de Porto Alegre

            Neste subcapítulo, apresentamos resultados de uma pesquisa, Gonçalves, Passos e Biedrzycki (2008), que buscou investigar como se dá o consumo de pescado na cidade de Porto Alegre –RS. Nesse sentido, através da técnica de questionário fechado, fez-se um estudo para determinar as preferências dos consumidores de Porto Alegre com relação ao consumo de pescado. O objetivo do estudo está voltado diretamente para investidores da produção e comercialização de pescado, atentando-os para quais produtos a população está mais interessada e adquire com maior freqüência.
            A metodologia de análise dos dados foi: tabulação dos dados no SPSS e a análise de correspondência que consiste em
[...] uma técnica multivariada para se examinar relações geométricas do cruzamento, ou contingenciamento, de variáveis categóricas. Ela analisa a distribuição de massa de um conjunto de observações, ou seja, analisa proximidade geométrica em medidas de distâncias. É uma técnica que auxilia e expande as oportunidades de análise de uma tabela de contingência. A análise de correspondência representa linhas e colunas de uma tabela de contingência, num espaço conjunto e a proximidade indica o nível de associação entre as categorias (linha e coluna), ou seja, categorias posicionadas próximas uma das outras indicam alta associação (Jobson, 1992). Essa associação pode ser verificada através do teste do Qui-Quadrado aplicado aos dados da tabela de contingência. Outra alternativa de mostrar a dependência entre linhas e colunas da tabela de contingência é a representação gráfica do perfil das linhas ou colunas (Bendixen, 1996). Com base nas respostas dos questionários procurou-se através da análise de correspondência, verificar o nível de associação entre a faixa etária da população e as zonas onde residem, em função do consumo de pescado, o produto consumido por zona e faixa etária, e produto considerado inovador por zona e faixa etária. (Gonçalves, Passos, Biedrzycki , 2008, p.25-26).
            Os primeiros resultados encontrados estabelecem a relação faixa etária e zonas de Porto Alegre “Dos 512 entrevistados, observou-se que 98,2% consomem pescado em sua alimentação. A partir desses dados, considerou-se para as análises apenas os consumidores que efetivamente consome pescado (n = 503).” (Gonçalves, Passos, Biedrzycki , 2008, p.26). A tabela abaixo demonstra a relação entre consumo de pescado e região da cidade de Porto Alegre.

Tabela 1: Idade X Região


           



           
            Através dos dados apresentados pode-se constatar, por exemplo, que 22 pessoas com idade até 20 anos que residem na região central da cidade consomem algum tipo de pescado, ou que o consumo de pescado em maior número se dá entre pessoas de 21 a 30 anos de idade. A segunda unidade de análise consta no produto consumido em relação à zona da cidade, ou seja, qual o tipo de pescado que a população consome em determinada região de Porto Alegre.
Tabela 2: Produto X Zona

           








            Nesta etapa, podemos perceber que o filé fresco e mais consumido pela população que vive na zona norte da cidade e que o inteiro congelado é pouco procurado na zona central da capital. A terceira unidade de análise demonstra a relação produto inovador X zona da cidade. O estudo pode ser pensado da seguinte forma: na zona central, 28 pessoas respondem que o peixe inteiro temperado é uma inovação, já, para o mesmo item, na zona sul, 46 pessoas respondem que este tipo de peixe é uma inovação no mercado.

Tabela 3: Produto inovador X Zona

           


           



           
            Percebemos que o peixe inteiro temperado é considerado inovador por 71 dos entrevistados e que 39 pessoas da zona norte entendem o “fishburguer” como produto inovador. A quarta unidade de análise se deu sob a relação entre produtos consumidos dependendo da faixa etária dos indivíduos investigados.

Tabela 4: Preferência X Faixa etária


           





           
            Através da tabela 4 podemos perceber, por exemplo, que 75 pessoas entre 21 a 30 anos tem preferência por filé fresco e que apenas duas pessoas com idade superior a 60 anos consomem peixe inteiro congelado.
            A partir da observação dos dados apresentados nas tabelas sobre o consumo de pescado na cidade de Porto Alegre, este estudo permitiu estabelecermos um quadro, no qual apresentamos os fatores que tendem à alteração da curva da demanda para a direita.



Fatores que alteram a demanda por pescado em Porto Alegre
 - Procura por alimentos protéicos
- Hábitos alimentares saudáveis
- Produtos de conveniência  - (fácil preparo)

            A elasticidade, nesse caso estudado, tende a aumentar, pois o mercado de pescado é bastante específico e existem vários substitutos entre eles. Ex: peixe fresco, “nuggets”, filé fresco, filé congelado, etc. Para tornar os produtos menos elásticos, devem ser atribuídos a eles agregados de valor, como, por exemplo, selos de qualidade, etc.
            Compreendemos que esse tipo de estudo é de extrema importância para o mercado de pescado, pois sabendo a preferência pelo consumo de determinado pescado em determinada região da cidade, tanto comerciantes, como produtores, têm novas possibilidades de introduzir um mercado inovador em relação a tipos de pescado, melhorando, dessa forma, a oferta de tais produtos de modo  atender a demanda da população.
            A seguir, apresentamos algumas informações sobre o consumo de peixe fresco durante a semana santa no ano de 2011 na região da grande Porto Alegre.

9. O mercado de peixe fresco no período da semana santa na grande Porto Alegre no ano de 2011

            A procura por peixes nas datas em que são comemorados dias santos aumenta significativamente em relação às outras épocas do ano. No período da quaresma, por exemplo, a igreja católica instrui os seus fiéis para que não comam carne vermelha e é nesse sentido que a população tem buscado o consumo de peixes. Informações do jornal meio norte (2010), o consumo de peixes tende a aumentar em 30% nessa época do ano intensificando o movimento das vendas e consequentemente o seu crescimento.
            Nesse sentido, houve um interesse de nossa parte em pesquisar como anda o mercado de peixes, em especial, na semana santa, quando as pessoas tendem a procurar pelo consumo de peixes. Para realização desta etapa do trabalho, buscamos informações em jornais e revistas online e realizamos uma entrevista com comerciantes que atuam em duas lojas do comércio de peixes no Mercado Público de Porto Alegre. A entrevista compunha um questionário com quatro perguntas que indicam o tipo de peixe mais vendido, a movimentação do mercado na semana santa e a relação das vendas de peixe fresco neste ano de 2011 em comparação com ano anterior
            Segundo a Rádio Gaúcha (2011), o volume de pescado ofertado na semana santa para a população da grande Porto Alegre foi de aproximadamente 670 toneladas. Para os estudiosos nessa área, é um aumento de 10% em relação ao ano de 2010. Para Décio Cotrin, agrônomo da Emater, o valor estimado foi de R$ 4,5 milhões. “Esses R$ 4,5 milhões circularam nas mãos dos agricultores e pescadores da região. No ponto de vista para estas famílias de agricultores e pescadores é um fator muito importante. É um momento muito importante no ano de produção” (Décio Cotrin, 2011).
            Esse tipo de negociação beneficia diretamente os produtores de peixes, visto que pelo menos 500 pontos devem realizar a comercialização de peixe pelos municípios da Região Metropolitana.
            A multiplicação dos pontos de venda de peixe fresco na semana santa tem, segundo comerciante da Feira do Peixe do mercado público de Porto Alegre, diminuído a venda de peixes na semana santa em relação ao ano passado. Para esse comerciante, 90% do peixe fresco vendido é de água salgada e durante a semana santa há um movimento 10 vezes maior na venda de peixes  do que em outras épocas do ano. Entretanto, com o incentivo de vendas de peixe fresco em outros pontos da região, cuja troca se dá direto com o produtor, têm diminuído a venda de peixe neste ano em relação ao ano passado.
            Outro comerciante entrevistado, funcionário do Japesca, nos informou que na semana santa o aumento na venda tanto de peixe fresco como de peixe congelado é muito grande. Segundo esse mesmo comerciante “[...] na semana santa sai tudo, pois o pessoal quer peixe” (Comerciante do Japesca, 2011).
Neste caso, um determinante para explicar a baixa elasticidade do consumo de peixe fresco na semana santa é o fator tempo (curto prazo) e a questão religiosa/cultural (não comer carne na semana santa). Através das informações que nos foram dadas, constatamos que o aumento do consumo de peixe fresco foi maior neste ano em relação ao ano passado, entretanto, para os comerciantes do mercado público de Porto Alegre, o movimento foi menor, pois houve um incentivo aos produtores e pescadores venderem o pescado diretamente à população.

10. Considerações finais       

            Ao iniciar a pesquisa nos deparamos com a dificuldade de encontrar material a respeito do mercado consumidor em comparação à quantidade de dados encontrados sobre o mercado produtor.
            Faltam estudos acerca do modo como se consome e suas quantidades, talvez por falta de investimento das indústrias de pescado ou porque o produto está à margem para a maior parte dos consumidores.
Constatamos que as iniciativas para mudar o perfil do produtor são inúmeras devido à grande capacidade produtiva do país. Iniciativas estas que vão desde a mudança da Secretaria da Pesca em Ministério da Pesca e Aquicultura até o treinamento de pescadores para que se transformem em aquicultores ou formem cooperativas de produção, muito por iniciativa mais governamental do que privada.
Instituições como Sebrae e Embrapa são partes integrantes deste quebra-cabeça para o entendimento de como o Brasil deve aproveitar melhor este mercado.
            Concluímos, portanto, que somadas as potencialidades hídricas do Brasil com as iniciativas mencionadas, o país pode, facilmente, alcançar os grandes produtores mundiais de pescado desde que se continue trabalhando sério para tal.


GONÇALVES, A. A.; PASSOS, M. G.; BIEDRZYCKI, A.  Tendência do consumo de pescado na cidade de Porto Alegre: Um estudo através de Análise de Correspondência. Estudos Tecnológicos (Online), v. 4, p. 21-36, 2008.


OSTRENSKY, A.; BORGHETTI, J. R.; SOTO, D. Aquicultura no Brasil: O desafio é Crescer. 2008.
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis: Estatística da pesca 2006 Brasil: grandes regiões e unidades da federação / Brasília: Ibama, 2008. 174 p. 29 cm.
Revista Conhecer SEBRAE, nº 11 / março 2010 em www.sebrae.com.br
CARDOSO, E. S.; ROCHA, H. M. O.; FURLAN, M. C. A piscicultura no município de Santa Maria, RS, submetido em 13/10/2008, aceito em 28/04/2009.
Relatório de pesquisa sobre o mercado de peixe e perfil do consumidor na região macronorte  do Estado do Rio Grande do Sul. Ijuí (RS), agosto de 2007.

http://www.emater.tche.br/site/


Questionário realizado em dois estabelecimentos de comércio de peixes no Mercado Público de Porto Alegre

1. Que tipo de peixe costuma vender? ( ) água doce ( ) marinho

2. Que tipo de peixe é mais vendido na semana santa ? ( ) Inteiro Fresco ( ) Inteiro Congelado ( ) Filés (fresco) ( ) Filés (congelado)  Outros: ..........

3. A venda de peixe fresco na semana santa teve maior movimento em:
2010 ( ) ou 2011 ( )?

4. Há muita diferença na procura de peixe fresco na semana santa em relação a outras épocas do ano? Sim ( )  Não ( )